Ritual Martinista de 1897

INTRODUÇÃO

Em 1897, o Supremo Conselho da Ordem Martinista estabeleceu um ritual a ser doravante observado “na abertura e encerramento de todas as reuniões, iniciações, grupos e Lojas regulares”. Esse ritual, de uma grande simplicidade, foi utilizado para todos os graus.

Quatorze anos mais tarde, em maio de 1911, a revista L’Initiation anunciou novos rituais martinistas, os quais podiam ser encomendados por 5 francos. Esses rituais, compostos de acordo com “os arquivos secretos da Ordem, os cadernos de Papus e as fórmulas rituais de Sedir”, foram apresentados como a obra de Teder. De fato, tinham sido elaborados por Edouard Blitz antes daqueles submetidos por Papus em 1897. Estes últimos tinham, de fato, sido aprovados em dezembro de 1894. Mas, como Blitz tinha sido expulso da Ordem em fevereiro de 1902, era impossível mencionar o seu nome. 

Em contraste com Papus, o texto “de Teder” propõe rituais diferentes para cada grau. Além disso, apresenta novas versões das cerimônias de iniciação para os graus Associado, Iniciado e SI, que acentuam o seu aspecto maçônico e as tornam mais suntuosas graças à adição de novos elementos. Esses rituais serão publicados em 1913 (as edições de La Tarente reeditaram esses rituais em 2018).

Entretanto, em maio de 1912, Démétrius Platon Sémélas, Delegado da Ordem no Cairo, submeteu rituais para cada um dos três graus tradicionais. Mais simples do que os de Teder, foram imediatamente aprovados por Papus.

No ano seguinte, em agosto de 1913, os chamados rituais “Teder” foram submetidos às lojas. Nessa altura, Papus parecia estar perdendo o controle da organização, que estava passando por dificuldades. Logo, em 14 de setembro, a Grande Loja da Ordem Martinista, Melchisedech, dirigida por Victor Blanchard, acrescentou graus suplementares. Aos três primeiros, foram acrescentados os de Adepto Livre, Real Iniciado, Perfeito Adepto e Sublime Comendador.

Os rituais de “Teder” são muito diferentes das antigas cerimônias e não parecem ter sido aceitos por todas as lojas. Alguns anos após a morte de Papus (maio de 1916), eles caíram no esquecimento. Após a Primeira Guerra Mundial, quando os trabalhos foram retomados, Victor Blanchard e os seus amigos parisienses retomaram os antigos rituais. Em Lion, Jean Bricaud fez o mesmo, embora tenha reformulado alguns dos diálogos e acrescentado uma cadeia de união.

Em 1930, quando a Ordre Martiniste Traditionnel (O.M.T.) tomou forma sob o impulso de Victor-Émile Michelet e Augustin Chaboseau, optou-se por utilizar os rituais compostos por Sémélas, com algumas adaptações. Nos anos que se seguiram à inatividade da O.M.T., em setembro de 1947, formaram-se vários grupos martinistas. A maioria deles utilizava os rituais da O.M.T., por vezes com ligeiras adaptações, enquanto outros compunham outros rituais novos. Em geral, esses rituais, como aqueles ainda hoje utilizados pelas várias Ordens Martinistas, estão longe do espírito e da simplicidade das cerimônias compostas em 1897 por Papus e pelos membros da Supremo Conselho.

Publicamos, aqui, o texto de 1897, de acordo com a versão guardada no Fundo Papus na Bibliothèque Municipale de Lyon (Sra. 5490 – 21).

D. Clairembault,11/03/2022

RITUAL

A ::: L :.: G ::: D::: [leschoua] G ::::: A::: D::: L::: U:::

S::: L::: R::: do Phil… Inc… N::: V::: M:::

Ordem Martinista

Por decisão do Supremo Conselho da Ordem, o seguinte ritual será doravante observado na abertura e encerramento de todas as reuniões, iniciações, grupos e Lojas regulares da Ordem.

Os Delegados Gerais traduzirão este ritual para a língua do país que administram e comunicarão exclusivamente aos Chefes de Loja o sinal, aclamação e a bateria da Ordem.

Em vigor a partir de 1897

O P ::: S :: Co:

Papus

ABERTURA SIMPLES

F:::D::: – Irmão Associado, que horas são?

ASSOCIADO: O Oriente se ilumina… o Sol se levanta. O olho do mundo está se abrindo. A verdade aparecerá.

F:::D::: – Irmão Iniciado, poderá o Sol obscurecer-se a si mesmo ao profano? Poderá negar calor e luz ao ignorante? Estenderá suas benéficas influências sobre os mais frágeis?

INICIADO: O sol, manifestação visível do centro invisível de toda a vida e de toda a luz, não nega as suas influências astrais a ninguém e todo ser criado recebe um raio de sua divina substância.

F:::D::: – Por que, ó meu irmão, por que não poderia a verdade manifestar-se a todos? Por que nos negaríamos a participar das suas influências sobre o homem de desejo?

ASSOCIADO: O Sol se levanta. Que os véus caiam assim como as sombras da noite se desvanecem!

F:::D::: – Bate 3 golpes lentos

ASSOCIADO: Bate 3 golpes lentos

INICIADO: Dá 1 golpe

ENCERRAMENTO DOS TRABALHOS

F:::D::: – Bate 3 golpes lentos (todos se levantam.)

ASSOCIADO: Bate 3 golpes lentos.

INICIADO: Bate 1 golpe lento.

F:::D::: – Ó homens regenerados, ó vós que manifestais no invisível a encarnação divina, Mestres do Oriente e do Ocidente, estamos agradecidos por haverdes presidido o nosso trabalho. Que a vossa alegria, fortalecida por vossas dores, magnetize a nossa operação até a vossa astralidade.

ASSOCIADO: Ó Deus feito homem! Ó Ieschoua, nosso guia! Ó Crucificado no Sol invisível, assisti com as vossas emanações vivificantes o nosso trabalho de luz e de redenção.

INICIADO: Em nome de Iod-He-Schin-Vau-He!

ASSOCIADO: Por I.N.R.I., amém.

O sinal [Todos o fazem.]

A Bateria [Todos a executam.]

F:::D::: – Bate 3 golpes lentos (todos se levantam.)

ASSOCIADO: Bate 3 golpes lentos.

INICIADO: Bate 1 golpe lento.

F:::D::: – À glória de IEOSCHOUA, Grande Arquiteto do Universo e sob os auspícios do F::: D:::, , nosso venerável mestre, os trabalhos da (nome da loja) nº _ estão momentaneamente suspensos. Durante o tempo em que estivermos separados do retorno aos nossos trabalhos, conduzamo-nos, meus irmãos, com prudência e discrição.

[Dá um golpe.]

FONTE: https://www.philosophe-inconnu.com/rituel-martiniste-de-1897/

TRADUÇÃO: Sâr John Yarker S::I::I::


Comments

Uma resposta para “Ritual Martinista de 1897”

  1. Bruno Arangio

    Unidade!!

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