Declaração de Princípios

A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, inserida no Movimento Martinista e continuadora dos trabalhos da Ordem Martinista original, tais como estabelecidos por Papus e Chaboseau, é uma associação de natureza iniciática e iluminista – um centro superior de estudos herméticos – voltada a ancorar, preservar e perpetuar as linhagens iniciáticas e os depósitos tradicionais confiados ao seu primeiro G::M:: e fundador. A seguinte declaração de princípios, por conseguinte, é o desdobramento e a expressão dos propósitos que o animaram a criar o grupo, em 2011, e ainda sustentam o seu trabalho na Senda da Iniciação, de sorte que todos os Iniciadores da Irmandade dos Filósofos Desconhecidos devem a ela aderir sem reservas:

1) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, no processo de admissão dos candidatos que batem às suas portas, não faz qualquer distinção de sexo, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, raça, condição social e credo religioso.

2) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos é depositária e perpetuadora de uma visão particular da Tradição de Mistérios do Ocidente, costumeiramente denominada Escola Francesa (mas a ela não limitada), cujas origens remontam ao Renascimento da Philosophia Occulta impulsionado por Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant) e ao Roseiral dos Magos do Século XIX. Ela se organiza em completa consonância com a adaptação papusiana do Movimento Martinista, vale dizer, pela união íntima do sistema de Louis-Claude de Saint-Martin, no qual Iniciadores criam novos Iniciadores, desenvolvem a Ordem e amparam os novos Irmãos pela ação individual, ao sistema de Jean-Baptiste Willermoz, que preserva a regência de um centro constituído hierarquicamente

3) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos visa à esmerada e rigorosa formação cultural de seus membros, a fim de lhes permitir transitar livremente pelas mais altas indagações de natureza filosófica e esotérica. Em seu aspecto de academia Iluminista, encontra sua origem em um plano supra-humano e esforça-se por desenvolver a espiritualidade de seus membros pelo estudo do Mundo Invisível e de suas Leis, pelo exercício do devotamento místico e da assistência intelectual, bem como pela criação, em cada espírito, de uma fé cada vez mais sólida, baseada na atitude observativa e empírica e na ciência. Espera-se, assim, que seus membros sempre tenham em mente as altas expectativas neles depositadas por seus professores e, sobretudo, pelo Iniciador, bem como levem tal propósito em consideração ao formular convite de ingresso a novos candidatos, lembrando-se, nessa oportunidade, que se a Iniciação esparge suas luzes para todos, a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos aspira à formação de uma elite no seio do esoterismo tradicional.

4) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos é, a um só tempo, contemplativa e operativa, mística e mágica. Seu curriculum é estruturado no trivium hermeticum – alquimia, astrologia e teurgia -, secundado por ciências tais como filosofia, psicologia, mitologia, religiões comparadas, cabala, angelologia, magia, adivinhação, psicurgia, magnetismo e outros grandes temas das Tradições Esotéricas do Oriente e do Ocidente. Conforme preconizado por seus fundadores, tal é o caráter da Ordem Martinista, muito embora se compreenda ser impossível encontrá-lo integramente em cada um dos membros da Ordem, pois cada Iniciado representa uma adaptação particular dos seus objetivos gerais.

5) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos veicula uma proposta clássica, uma orientação tradicionalista e, como meta última, a Santa Gnose, velada e revelada no Arcanum Secundum do Liber T.

6) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, reconhecendo nos membros da Fraternidade dos Irmãos Iluminados da Rosa-Cruz a fonte conhecida das sociedades que conservam a Iniciação Hermética, encontra-se submetida ao espírito das regras descritas na Fama fraternitatis Rosae Crucis, cuja leitura e estudo são obrigatórios aos membros, e, em conformidade com o espírito do primeiro Supremo Conselho da Ordem Martinista, perpetua a tradição Rosa-Cruz em seu círculo mais íntimo. Nada obstante, considera a Tradição por ela perpetuada completa em si mesma, de sorte a manter-se vinculada por laços de irmandade às demais Tradições conhecidas por seus membros.

7) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos é permeada misticamente pelo espírito da Cavalaria clássica e imorredoura, perpetuada no coração dos Mistérios do Ocidente.

8) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos declara que, para todos os fins, IHShVH (יהשוה) é compreendido como o Mistério Inefável da Encarnação do Verbo. A sua associação a qualquer personalidade histórica é matéria de foro íntimo, vez que a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos define-se não propriamente como uma associação cristã, mas, sobretudo, como crestã (do grego, Chrestos). Não exigindo nenhum juramento de obediência passiva de seus membros e não lhes impondo nenhum dogma, quer materialista, quer religioso, deixa-lhes inteiramente livres em suas ações. Dentro do espírito papusiano, a Ordem Martinista deve ignorar a exclusão de membros pelo não pagamento de cotizações e não se ocupa, nem de política, nem de religião, uma vez que seus estatutos proíbem terminantemente essas atividades.