A Guarda da Cavalaria Iniciática

ORDO ILLUMINATI ROSAE+CRUCIS & MILITIA TRIUM CRUCIUM & ORDO COLUMBAE PARACLITUS & MILITIA SEDES SAPIENTIAE

VIRTUDES, VALORES E CÓDIGO

VIRTUDES

O Cultivo das Virtudes está entre as responsabilidades mais importantes assumidas por um Cavaleiro. Em conjunto com os Valores da Cavalaria Universal, são as Virtudes, compreendidas a partir de uma perspectiva iniciática, que norteiam o Código.

As Virtudes são classificadas como Cardinais, Teologais, do Templo e do Graal. Os quatro elementos herméticos estão relacionados com a Virtudes Cardinais e os três elementos alquímicos com as Virtudes Teologais. Um planeta, um metal e uma nota musical também estão associados com as Virtudes Cardinais e Teologais. As Virtudes do Templo são a matriz dos princípios da Religião do Templo. As Virtudes do Graal, por sua vez, garantem a criação do espaço necessário para que as Virtudes do Sangue possam florescer na alma.

A cólera, a gula, o orgulho, a inveja, a avareza, a preguiça e a luxúria estão nas sombras das Virtudes Cardinais e Teologais. Ainda que devam ser vigiados, a melhor e mais eficiente forma para o combate e a transformação dos vícios é por meio do enfrentamento indireto pelo enfoque e pela valorização das Virtudes. O Cultivo das Virtudes norteia as ações dos Cavaleiros e é catalisada pelo exercício de técnicas como a da Fundição do Templo e a da Estrela Setenária. O treinamento da meditação em quatro fases (Meditação do Apaziguamento, da Sabedoria, do Amor e da Caminhância) e o exercício perseverante e constante dessas mesmas quatro modalidades da meditação também é imprescindível para o Cultivo das Virtudes.

Ainda assim, se é bem verdade que o Cavaleiro não deve focar toda a sua atenção em seus vícios, a fim de não os alimentá-los e fortalecer, ele precisa usar da Humildade e da Coragem para ser capaz de enxergá-los e de reconhecê-los como aspectos presentes em si mesmo, ainda que temporariamente. É importante que o Cavaleiro não se identifique com esses aspectos sombrios de si mesmo, mantendo a consciência de que ele é, em essência, a Centelha Divina, toda Pureza, Amor, Sabedoria e Poder. Tais aspectos sombrios estão presentes no Cavaleiro no momento presente, mas não definem o que ele é. De todo modo, máxima ênfase deve ser dada ao fato de que, somente lançando a luz da consciência sobre tais sombras (enxergando-as, reconhecendo-as, aceitando a sua existência) é que elas se desvanecerão. Afinal, os raios de sol de um Áureo Alvorecer dissipam instantaneamente as trevas da Noite Escura.

Virtudes Cardinais:

Prudência (Terra)                                                                  Saturno (Chumbo) Sol

Temperança (Água)                                                               Vênus (Cobre) Ré

Justiça (Ar)                                                                            Júpiter (Estanho) Mi

Fortaleza (Fogo)                                                                    Marte (Ferro) Fá

Virtudes Teologais:

Fé (Enxofre)                                                                          Sol (Ouro) Si

Esperança (Mercúrio)                                                            Lua (Prata) Dó

Caridade (Sal)                                                                       Mercúrio (Mercúrio) Lá

Virtudes do Templo:                                               Religião do Templo:

Pobreza (Corpo)                                                                    Serviço

Castidade (Alma)                                                                  Amor

Obediência (Espírito)                                                            Liberdade

Virtudes do Graal:                                                  Virtudes do Sangue:

Humildade, Equilíbrio e Lealdade (Terra) –>                       Serviço e Introspecção

Fé, Fidelidade e Fraternidade (Água) –>                             Solicitude e Amor

Honra, Justiça e Conhecimento (Ar) –>                                Sacrifício e Geometrização

Disciplina, Responsabilidade e Obediência (Fogo) –>         Sabedoria e Transformação

VALORES CAVALEIRESCOS DA TEOSOFIA CRISTÃ

NOBREZA: Todo ser possui uma Centelha do Divino e a consciência dessa fagulha interna que subjaz à criação, em todos os seus níveis, constitui o mais alto nível de autoconhecimento e experiência mística. Tal ato de consciência, o objetivo da Teosofia Cristã, é libertador, transcendente e experiencial, e é chamado de Gnose. A “Gnose” – lit. “Conhecimento”, mas mais precisamente a “percepção” – é a raiz da nobreza no sentido da magnanimidade, do “ser conhecido” e considerado em virtude da generosidade e da grandeza de caráter. Acessar a Gnose e assumir a visibilidade decorrente desse processo implica na obrigação da coerência e do serviço em prol dos demais peregrinos.

PUREZA DE PROPÓSITO: O Universo manifesto existe em relação de continuidade quanto a Fonte Incriada e Incognoscível. O Cavaleiro tem para com Virtude da Prudência, que é uma contração da “providência”, isto é, pro-videre ou “para prever”. Ter consciência a respeito da direção que está sendo tomada, bem como a respeito do destino, obriga o Cavaleiro a assumir atitude ciente e responsável por suas próprias ações e a valorizar a conservação da pureza de propósito e motivação. Ademais, uma vez que a Pureza de Propósito é a antítese do orgulho, da vaidade e do medo, o Cavaleiro não deixará de olhar para o seu dragão interior, as sombras que ainda habitam a sua alma, a fim de torná-la cada vez mais límpida, cristalina e, desse modo, apta a refletir com perfeição cada vez maior a luz dessa Pureza que, em essência, ele já é.

LIBERDADE: São muitas as vias que levam à consecução espiritual por meio da experiência mística e gnóstica. A promoção da liberdade de pensamento na busca do Caminho interior em direção ao Pai-Mãe é indispensável. O Cavaleiro compromete-se com a busca por escapar dos grilhões da própria ignorância e, simultaneamente, obriga-se a defender a liberdade em todas as suas formas. 

CORAGEM: A experiência mística e a Gnose decorrentes do contato com a Alto Invisibilidade encorajam o coração do Cavaleiro. Abraçar a virtude da coragem e toda prática centrada no coração depreende-se da percepção de que o mundo foi ordenado como resultado da Fonte que continua se expressando e que todos os seres são partes integrantes desse processo. O sentimento de parentesco entre todos os seres nutre a compaixão do Cavaleiro, que reconhece e serve a Centelha do Divino existente nos demais seres como em si mesmo. A Coragem, ainda, capacita o Cavaleiro a vencer dragões, estando ele ciente de que, antes mesmo de enfrentar os dragões exteriores, precisará contar com essa virtude cultivada num grau máximo para confrontar seu próprio dragão interior.

MISERICÓRDIA: O exemplo de Cristo e o legado do Espírito Santo ensinam o Cavaleiro a defender a misericórdia e a benevolência como princípios fundamentais de suas ações. A ação misericordiosa é um exercício da melhoria do eu e o Cavaleiro a conversa por estar ciente que seu exercício é transformador e o prepara para os desafios de sua própria peregrinação.

SABEDORIA: Por meio do estudo e da contemplação dos escritos sagrados que revelam a mensagem divina de amor e compaixão ao longo da história, o Cavaleiro convida a Sabedoria e a Ela se apega como um importante princípio ao longo de sua jornada. A Sabedoria é a herança e o propósito da imorredoura Tradição Arcana. Conforme se lê em Provérbios: “Não abandone a Sabedoria e Ela guardará você; ame-a e ela o protegerá”.

HOSPITALIDADE: O reconhecimento da Centelha do Divino presente em todos os seres leva o Cavaleiro a manter as Casas abertas a toda a humanidade, sem discriminações de gênero, raça, religião, condição social ou orientação sexual. O Cavaleiro honra o antigo voto beneditino da hospitalidade e, na justiça sacramental, tal atitude significa oferecer a eucaristia a todos os que têm fome.

CÓDIGO DA CAVALARIA INICIÁTICA

Devemos amar a Deus sobre todas as coisas a ao próximo como a nós mesmos, encontrando, na Imitação de Cristo, uma importante chave para a elevação da alma;

Devemos manter atitude de serviço a Deus e à Divina Mãe, oferecendo a Ela todos os nossos méritos, conservando a humildade em todos os empreendimentos e rogando, diariamente, pelo apoio do Espírito Santo para o exercício do serviço em pobreza, castidade e obediência;

Devemos comparecer aos serviços religiosos e tomar parte dos sacramentos sempre que possível, auxiliando os Sacerdotes do Altíssimo em seu ministério e cooperando com a perpetuação dos antigos ritos e mistérios que nos aproximam do Incriado; 

Devemos estabelecer um ritmo diário de oração e de recolhimento meditativo, preservando a técnica arcana e valorizando a repetição e a disciplina como fundamentos necessários para o estabelecimento da liberdade espiritual;

Devemos dedicar-nos, diariamente, antes de nos entregarmos ao sono, a um minucioso exame de consciência e, com humildade (pobreza de espírito) e coragem (de nos autoenfrentarmos), repassar todo o nosso dia, analisando os aspectos virtuosos ou não de nossas ações, bem como as nossas reações às adversidades do cotidiano, propondo-nos, ao final, corrigir-nos naquilo em que nos distanciamos dos ideais da Cavalaria, rogando a Deus e à Mãe que nos auxiliem nesse propósito.

Devemos render graças por nosso alimento, material e espiritual, compartilhá-lo com quem tiver fome e sermos gratos para com a experiência da vida;

Devemos honrar a memória dos santos, mártires e heróis e sermos leais aos irmãos e irmãs que se esforçam para empreender o caminho da Divina Demanda;

Devemos dizer a verdade, tomando a Deus como onipresente testemunha, de maneira a reconhecer, preservar e perpetuar a sacralidade da palavra proferida por um Cavaleiro;

Devemos assumir responsabilidade por nossas ações, preservar a pureza de propósito em cada um de nossos atos, observar a prudência e nos conservar coerentes para com nossos votos e solenes compromissos;

Devemos cultivar a nobreza e a magnanimidade da alma, exercitando a cortesia e a benevolência em relação a todos os seres, humanos ou não, bem como reconhecendo a natureza como uma expressão sagrada, o sacramento da Divina Mãe, envidando todos os esforços necessários para protegê-la.

Devemos observar a justiça e manter atitude de abertura e não julgamento, a menos que a pessoa, por suas próprias ações e atitudes, demonstre não ser digna de confiança;

Devemos defender a liberdade, reconhecendo a fagulha divina presente em cada um dos seres, conservando a tolerância e a paciência, e promover a justiça para com os fracos e oprimidos;

Devemos prestar auxílio aos enfermos de corpo e de alma, exercitar a hospitalidade, a misericórdia e experimentar, na fraternidade entre os homens, uma forma de aproximação com o Cristo;

Devemos combater a ignorância e o mal que dela se origina, viabilizando o acesso ao conhecimento, incentivando o cultivo da sabedoria e fortalecendo o enfrentamento do obscurantismo, da alienação e da manipulação da mente fraca;

Devemos ser incansáveis guardiões da cultura, protegendo as distintas expressões religiosas, artísticas e científicas, reconhecendo as vias espirituais da beleza, da sabedoria e da caridade, e ser guardiões da paz, recorrendo à violência unicamente quando não houver alternativa e somente para a autodefesa ou para a defesa daquele incapaz de defender a si mesmo.

Devemos observar a temperança, sendo moderados e comedidos em todos os assuntos, evitando os excessos que prejudicam o corpo e a alma;

Devemos alimentar a fortaleza e nunca abandonar o Cultivo das Virtudes para que, por meio da fé, da esperança e da caridade, a Graça Divina se realizem em nosso coração;

Devemos seguir o código e nos comprometer com a diligência e a coragem necessárias para que que nos mantenhamos no caminho ao qual nos propusermos percorrer.


Comentários

Uma resposta para “A Guarda da Cavalaria Iniciática”

  1. Américo Roque

    Texto importante para todos aqueles que desejam ingressar em uma verdadeira cavalaria.

Deixe uma resposta