Rito da Fênix

Rito da Fênix

Perit ut Vivat

A presente publicação intenta apresentar, mesmo que de maneira apenas introdutória, o espírito que anima o Rito da Fênix, citado em alguns outros artigos de nosso blog. Iniciaremos pela apresentação da Milícia das Três Cruzes, primeira das Sete Ordens que compõem o Rito da Fênix.

A Milícia das Três Cruzes – Militia Trium Crucium – é uma Ordem de Cavalaria Iniciática Cristã de Tradição Templária que atua segundo orientação ecumênica e universalista. A Milícia se vincula à Tradição da Ordem do Templo por diferentes vias (“Núcleos Iniciáticos”) e seus membros se unem nos laços do Serviço sob a orientação do Codex Templi, a Regra do Templo, que se traduz por um modo de vida particular – a Vida Templária. Ela assume como missão o desenvolvimento ético-moral, religioso-devocional e mágico-teúrgico do ser humano com o objetivo de tornar a vida humana harmoniosa com os ciclos naturais e para a retomada consciente, da humanidade, de sua parte na realização do plano divino – a Grande Demanda.

Militia Trium Crucium

Os Cavaleiros que formaram a Milícia das Três Cruzes eram legítimos depositários de diferentes aspectos da Tradição do Templo e, no transcurso de nove anos, a Ordem foi paulatinamente concebida e estruturada a fim de cumprir sua missão frente à Grande Demanda. Esse foi um período de intenso trabalho, que contou com o auxílio de inúmeros irmãos, tendo sido instalados os primeiros Comendadores da Milícia e as primeiras Casas Templárias no estrangeiro. No transcurso dos mencionados anos preparatórios, os Oficiais da Milícia das Três Cruzes estabeleceram contato com outros depositários da Tradição do Templo e a Milícia tornou-se guardiã de uma ainda mais robusta herança iniciática. Destaca-se que a Milícia das Três Cruzes recebeu especial transmissão da Hierarquia Interna da tradição-fonte da Militia Templi de forma a ser reconhecida como sua legítima perpetuadora e que a Companhia do Graal recebeu o patrocínio espiritual de diferentes correntes tradicionais.

No ano de 2022, com a assinatura do Segundo Manifesto pelos Grandes Oficiais da Milícia das Três Cruzes, encerrou-se seu ciclo preparatório. Esse momento foi demarcado pelo estabelecimento do Rito da Fênix e das Missões da Milícia. A Milícia das Três Cruzes adota como mote: Amor, Serviço e Liberdade, que compreende sintetizar os ditames tradicionais da Religião do Templo.

O seguinte quadro expõe as patentes que compõem o Sodalício Conventual – a Via da Cavalaria – na Milícia das Três Cruzes:

Sodalício Conventual
7. Bailli da Milícia
6. Comendador Professo
5. Comendador da Milícia
4. Cavaleiro Guardião da Tradição de Terceira Ordem
3. Cavaleiro Guardião da Tradição de Segunda Ordem
2. Cavaleiro Guardião da Tradição de Primeira Ordem
1. Cavaleiro da Milícia das Três Cruzes
Noviço

A Herança Tradicional da Milícia das Três Cruzes está organizada em quatro Núcleos Iniciáticos: Saber, Memória, Agir e Poder.

O Núcleo Saber – considerado o mais exterior dentre os Núcleos – é aquele ao qual o membro pertence desde os primeiros passos formativos na Tradição. Esse Núcleo transmite os conhecimentos herdados da Tradição da Ressurgência e é o responsável pela transmissão dos mandamentos templários por meio de diferentes cadernos de estudos. Em sua maioria, os mandamentos templários foram transmitidos para a Milícia das Três Cruzes pela Ch+ Jeanne de Saint-Michel, i.p., e são uma herança oriunda da extinta Ordem Renovada do Templo.

O Núcleo Memória se refere à herança de três tradições cavaleirescas – a linhagem templária da Ordem de Santo André do Cardo, a linhagem da Ordem do Templo de Bernard-Raymond Frabre-Palaprat e a linhagem cavaleiresca que passa pela Ordem de São Miguel e pela Ordem de São Lázaro de Jerusalém. As patentes de Noviço Pleno, Cavaleiro da Milícia e de Cavaleiro Guardião da Tradição de Primeira Ordem são dos Núcleos Saber e Memória.

O Núcleo Agir se refere a uma aliança a respeito da qual nenhum registro escrito é deixado sob a pena de “perda da Casa” e preserva os segredos da Ressurgência Templária. O Núcleo é exotericamente denominado Militia Templi e foi a partir dele que a própria Milícia das Três Cruzes se exteriorizou. Há uma conexão especial entre a Tradição da Militia Templi e as Tradições Essênia e Sufi. Pertencem ao Núcleo Agir as patentes de Cavaleiro Guardião da Tradição de Segunda Ordem, Cavaleiro Guardião da Tradição de Terceira Ordem, Comendador da Milícia e Comendador Professo. Os Comendadores Professos atingem a plenitude do Núcleo Agir.

O Núcleo Poder é preservador da antiga herança sacerdotal joanita, conserva a herança apostólica de São João e Maria Madalena, dentre outras, e é um ponto de união entre a Militia Trium Crucium e a Ecclesia Catholica Apostolica Sancti Iohannes – E.C.A.S+I. O seguinte quadro expõe as patentes que compõem o Sodalício Eclesiástico – a Via do Sacerdócio – da Milícia das Três Cruzes:

Sodalício Eclesiástico
5. Bailli da Milícia
4. Prior
3. Capelão
2. Diácono
1. Frater Minor
Leigo

Para além dos Núcleos aqui discriminados, a Milícia das Três Cruzes está intimamente relacionada com as Tradições Druídica, Sufi, Pitagórica, Gnóstica, Mithraica, Ismaelita e Essênia, por meio da Companhia do Graal e da Catena, que preservam a herança daquilo que se formou do encontro da Ordem do Templo com outras Tradições de Iniciação. A estrutura administrativa da Ordem comporta uma Corte Sinodal, seu órgão superior, bem como o Capítulo Geral e o Grande Capítulo, composto pelo Grão-Mestre, pelo Senescal, pelo Marechal e demais Grandes Oficiais.

As diferentes modalidades de Casas Templárias se reúnem periodicamente com o intuito de conduzir cerimônias anuais – as Passagens -, bem como para servir a humanidade pelo Comitê do Santo Cenáculo e para celebrar as diferentes etapas da Iniciação. O trabalho também pode se desenvolver a partir das chamadas Missões da Milícia, que tomam por objetivo precipitar nos membros uma interação profunda, objetiva e direta com a Tradição do Templo pela via do Serviço Altruísta. O trabalho realizado pelas Missões é essencialmente prático e produz proficiência e domínio em um sistema arcano operativo, chamado Ofício da Fênix, colocado em movimento unicamente a favor do estabelecimento das condições necessárias para o Serviço benevolente. O Ofício da Fênix, que não deve confundir-se com o Rito da Fênix, em relação ao qual é subordinado, refere-se ao conjunto de toda a técnica arcana colocada em movimento dentro de uma Missão da Milícia.  

Conforme a início deste post, a Milícia das Três Cruzes se estabelece como a Primeira Ordem do Rito da Fênix. Pode-se ter que o Rito da Fênix forma a escala de Graus Superiores da Militia Trium Crucium e ele descende diretamente dos ritos cavaleirescos, herméticos, rosacrucianos e sacerdotais conforme eles emergiram em torno do ambiente maçônico do século XVIII na França, na Alemanha e na Rússia. Contando a própria MTC, o Rito da Fênix é composto por Sete Ordens. O Rito toma como missão o desenvolvimento ético-moral, religioso-devocional e mágico-teúrgico do ser humano com o objetivo de tornar a vida humana harmoniosa com os ciclos naturais e para a retomada consciente, da humanidade, de sua parte na realização do plano divino. Evidentemente, investiduras recebidas de maneira regular em outros ramos tradicionais, como no Sistema R+C I.N.R.I. e nos Ritos do S::S::S:: (R:.A:.P:.M:.M:., R.E.R., E.O.T., etc), são reconhecidas no seio do Rito da Fênix.

A Segunda do Rito Ordem é restrita a Martinistas Culminados (membros do C.F.D.) e também é composta por três graus. O primeiro, Cavaleiro de São Peterburgo, introduz o Cavaleiro na Tradição Martinista Russa dos ritos de Golitsyn e de Moebes. Seus membros se dedicam ao estudo destes ritos, bem como das obras de Serge Morcotoune, G.O. Moebes e Valentim Tomberg. O segundo grau, Cavaleiro da Sabedoria, perpetua o rito do Capítulo Hermético de Ivan Lopukhin. Com relação ao terceiro, Cavaleiro Professo da Sabedoria, ele é seleto e aprofunda determinados aspectos do anterior.

A Terceira Ordem do Rito é restrita a Mestres Maçons. Proporcionando um olhar bastante global da tradição, ela intercala os graus do Rito Escocês Retificado com os graus da Estrita Observância Templária do seguinte modo: Mestre de Santo André, Noviço, Cavaleiro do Templo, Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa, Cavaleiro do Templo Professo, Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa Professo e Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa Grão-Professo. Por fim, no último grau, há a investidura de Cavaleiro Templário Kadosh da Palestina, iniciação oriunda do século XVIII que, a partir de determinado momento, se alojou dentro dos círculos mais íntimos do martnismo russo.

A Quarta Ordem do Rito é restrita a Martinistas Culminados (membros do C.F.D.) que sejam Mestres Maçons e é composta por dois graus. O primeiro, Cavaleiro do Pelicano, refere-se ao primeiro grau da Ordem dos Irmãos Iluminados da Rosa+Cruz e preocupa-se com a transmissão de um poderoso influxo espiritual, com a preservação dos antigos arcanos da Rosa+Cruz, da tradição hesicasta e serve como uma ponte para a tradição dos Irmãos do Oriente e dos Irmãos Antigos da Rosa+Cruz. Trata-se de um grau reservado aos irmãos que realmente estejam empreendendo o caminho do Serviço. O segundo grau, Mestre do Templo, preserva e perpetua a tradição rosacruciana do Círculo de Novikov, uma reformulação russa da GuRK, e enfatiza de especial modo o desenvolvimento magístico e profético do iniciado. Essa transmissão pode servir como ponte para a GuRK alemã e para os Irmãos Asiáticos.

A Quinta Ordem é restrita a Martinistas Culminados que também sejam Mestres Maçons e Sacerdotes, sejam joanitas e/ou gnósticos, segundo a Ordem de Melquisedeque. O primeiro grau refere-se ao sacerdócio secreto presente na tradição da Estrita Observância Templária e se baseia nos trabalhos de Iohhan August von Starck e de Pedro Ivanovich Melessino. O segundo, Sacerdote Eleito, transmite a ordenação de R+, conforme a tradição de Martinez de Pasqually. O terceiro, por sua vez, é o grau de iniciador da Ordem dos Irmãos Iluminados da Rosa+Cruz e é profundamente enraizado na prístina Rosa+Cruz do Oriente.

A Sexta Ordem é restrita a Martinistas Culminados que também sejam Mestres Maçons e Bispos, sejam joanitas e/ou gnósticos, segundo a Ordem de Melquisedeque. O primeiro grau, Bispo Templário, possui sua raiz tradicional na ressurgência templária de Fabre Palaprat e foi inserido por Jean Bricaud na escala de graus do Rito Antigo e Primitivo de Memphis e Misrain. O segundo, Cavaleiro de São João, refere-se a importante ordenação da Ordo EASIA-EASIE. Existem duas operações importantes a serem realizadas por quem recebe tal ordenação, uma que a antecede, a outra a sucede.

Por fim, a Sétima Ordem é composta por apenas um grau: Rei Sacerdote ou Verdadeiro Rosa+Cruz. Para se receber a Sétima Ordem é necessário que os caminhos das seis Ordens interiores tenham sido anteriormente percorridos com proficiência.

As Luminárias do Rito da Fênix

Notre Dame

Príncipe da Milícia Celeste

São Jacques de Molay

São Bernardo de Claraval

São Bento

São Francisco de Assis

Christian Rosenkreutz

Martines de Pasqually

Louis-Claude de Saint-Martin

Jean-Beptiste Willermoz

Barão von Hund

Johann August von Starck

Nikolai Alekseevich Golitsyn

Ivan Lopukhin

Iohann George Scharz

Nikolai Ivanovich Novicov

Pyotr Ivanovich Melessino

Papus

Gregory Ottonovich von Moebes

Nikolai Mikhailovich Karamzin

Serge Marcotoune

Armand Toussaint

+ Jeanne de Saint-Michel


Comments

Uma resposta para “Rito da Fênix”

  1. Excelente publicação. Uma pergunta: por onde começar? Qual o percurso?

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