Carta de Ano Novo 2022

Ofício do Grão-Mestre

1º de janeiro de 2022

Caro Irmão, Cara Irmã,

Saudações ante as Luminárias!

Desejo a todos vocês um novo ano repleto de realizações nos planos material e espiritual, permeado de muitas alegrias e, sobretudo, de um ânimo renovado para o prosseguimento da jornada evolutiva de cada qual.

Esta mensagem de Ano-Novo poderia terminar por aqui. Contudo, eu gostaria de propor a todos vocês algumas reflexões a que me entrego sempre que se inicia um novo ano civil.

CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS:

Como Iniciados, tomamos as rédeas de nossa evolução pessoal em nossas mãos. Não avançamos preguiçosamente ao sabor dos acontecimentos mais ou menos felizes da vida, mas remamos vigorosamente rumo à nossa Reconciliação, Regeneração e Reintegração pessoais, e comumente o fazemos com grande esforço, avançando contra a correnteza das paixões mundanas e dos padrões massificados a nós impostos pelo nosso grupo social.

Por isso mesmo, sempre que um novo ano civil se inicia, eu separo algum tempo para planejar meus próximos 12 meses. Como estou me dirigindo a Iniciados, naturalmente me limitarei a compartilhar com vocês algumas reflexões sobre a programação das nossas vidas espirituais, deixando de lado a vida profana, muito embora seja ela tão importante quanto a nossa realidade mais interna.

AUTORREFLEXÃO:

Você já parou para pensar no que almeja para a sua caminhada iniciática neste ano de 2022?

Novos graus iniciáticos? Novos títulos em organizações fraternais?

Eu ousaria dizer que nada disso importa realmente. Na sempre necessária reflexão sobre a própria morte, se eu fosse desligado do meu corpo físico no dia de hoje (isto é, “morresse”), nenhum grau alcançado em ordens iniciáticas e nenhum título a mim conferido no âmbito dessas organizações seria de alguma valia na verificação da minha evolução pessoal enquanto consciência (espírito ou alma). Tampouco me seria de alguma utilidade a quantidade de livros lidos ou o conhecimento quantitativo acumulado sobre qualquer tema.

Eu seria cobrado (e um dia inevitavelmente o serei) dos meus avanços íntimos na conquista do meu ego e na ampliação dos horizontes da minha consciência enquanto espírito imortal.

Como constatamos facilmente, estamos sempre e sempre voltando à valiosíssima ferramenta evolutiva simbolizada pela MÁSCARA. Assim como dois vetores de igual intensidade, mas de direções opostas, anulam-se, a MÁSCARA do Martinista auxilia-nos a anular as máscaras do ego.

Proponho, assim, uma reflexão muito importante a nortear todo o nosso ano de 2022 e que pode ser feita diariamente, em pouquíssimos minutos:

(I) Se eu me imaginar despido de todas as minhas máscaras, o que me sobra? Se eu for eliminando, um a um, todos os meus papeis sociais, o que sou? Se eu não tiver uma profissão ou ofício; se eu não for pai/mãe, irmão/irmã, filho/filha, quem eu seria? Se eu não pertencesse a uma organização iniciática como a Ordem Martinista, o que eu seria? Enfim, se tudo isso que eu atribuo a mim e que as pessoas veem em mim não existisse, qual seria a minha essência?

(II) Qual máscara do meu ego eu gostaria de trabalhar nos próximos 12 meses? Sinto-me superior aos demais por ser um Iniciado ou Iniciada? Envaideço-me dos graus ou dos títulos alcançados em organizações iniciáticas? Preciso desses graus ou títulos para me sentir melhor ou mais digno de admiração pelos demais? Considero-me especial por ter lido mais livros ou por ter um conhecimento mais abrangente ou mais profundo de temáticas atinentes à espiritualidade? Obviamente que estas perguntas são meramente exemplificativas e podem ser completadas por dezenas, quiçá centenas de outras tantas a depender da realidade subjetiva de cada um de nós.

PLANEJAMENTO DE ESTUDOS E PRÁTICAS:

Aqueles de vocês que convivem mais de perto comigo sabem que me pauto pelo ditado de que “o menos é mais”.

Façamos pouco, sempre honestos com as nossas reais possibilidades, mas façamos bem. Leiamos um único livro que seja, mas absorvamos as ideias nele veiculadas o mais possível. Entreguemo-nos a poucas práticas espirituais diárias, mas as realizemos o melhor possível, com total entrega e entusiasmo.

Assim, sempre que um ano se inicia, eu escolho apenas dois livros e duas práticas espirituais para estudar e praticar de corpo e alma ao longo dos 12 meses seguintes. Naturalmente, poderei ler outros livros e me entregar a outros exercícios espirituais, mas sempre elejo dois livros e duas práticas para me acompanharem diariamente durante o ano todo.

Um livro sempre é mais místico, mais espiritual, voltado a alimentar minha alma. O outro costuma ser mais técnico, mais informativo, destinado a servir de alimento para a minha mente.

Uma prática é sempre voltada ao despertar do meu Eu Crístico, o meu eu mais profundo e essencial, ao passo que a outra prática objetiva trabalhar veículos desse Eu, ou seja, o corpo físico, o corpo emocional ou o corpo mental.

Como dica de livro espiritual, eu sugeriria uma destas obras: “A Senda do Homem Celeste” (J. G. Gichtel), “A Sabedoria Divina” (Jacob Boehme), “A Revelação do Grande Mistério Divino” (Jacob Boehme), “O Novo Homem” (Louis-Claude de Saint-Martin).

Já como sugestão de livro de estudo, deixarei apenas uma dica, pois gostaria que todos vocês se aprofundassem nesta obra magistral: “Os Arcanos Maiores do Tarô” (G. O. Mebes).

Quanto às práticas, não podemos abrir mão da prece e da oração, de sorte que eu gosto muito de unir ambas praticando diariamente a “Oração do Coração”, prática central do hesicasmo.

Outra prática que me parece utilíssima, pois mantém nossos corpos físico e energético saudáveis é a circulação fechada de energias, uma adaptação de uma técnica do Chi Kung modernamente batizada de OLVE – Oscilação Longitudinal Voluntária Energética.

Naturalmente, cada um de vocês poderá eleger seus livros e suas práticas como melhor desejar. O que eu trouxe aqui são apenas sugestões.

Se tiverem dúvidas quanto aos livros ou às práticas aqui sugeridas, entrem em contato privado com seu Iniciador ou Iniciadora, pois estarão aptos a lhe prestar auxílio nesse particular.

Por fim, uma última reflexão: por que tanta ênfase no planejamento da caminhada espiritual ao longo de um ano? Ora, pelo fato de, em 12 meses, o Sol passar por cada um dos signos do zodíaco, de sorte que você registrará percepções bastante significativas ao se dedicar aos mesmos estudos e práticas sob a influência de Capricórnio, Aquário, Peixes, Áries e assim por diante.

Ante a Tríplice e Flamejante Chama Eterna,

In L.V.X.,

Sar Fabre d’Olivet


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