Catecismo ECASI 1.1

Ecclesia Catholica Apostolica Sancti Iohannes – E.C.A. S✠ I✠

Catecismo da Seção Exotérica – 1ª etapa

QUAL É A FINALIDADE DA EXISTÊNCIA HUMANA?

1) Por que o ser humano foi criado? Qual é a finalidade da existência humana?

Deus criou os seres humanos para, por meio do Seu amor por nós e do nosso amor por Ele, unirmo-nos a Ele na suprema felicidade da Glória Eterna. A finalidade da existência humana, portanto, é unir-se a Deus, o Sumo Bem (Summum Bonum).

2) O que é o bem?

O bem é tudo aquilo que aproxima o ser humano da felicidade. O mal é tudo aquilo que afasta o ser humano da felicidade. Logo, se Deus é o Sumo Bem, a união da alma humana com Ele é um estado de Suprema Felicidade, absolutamente incompreensível e inimaginável às nossas mentes limitadas.

3) Mas o bem e a felicidade não são noções subjetivas? Não é verdade que o que é bom para alguém, pode não ser bom a outrem? Ou que aquilo que faz uma pessoa feliz, não traz felicidade a uma outra?

O bem e a felicidade aqui mencionados são objetivos. Aquilo que é nutritivo a um ser humano será igualmente nutritivo a toda a humanidade, assim como aquilo que é venenoso a um ser humano será igualmente venenoso a toda a humanidade. O Sumo Bem, que é Deus, e a Suprema Felicidade advinda da união do ser humano individual com Ele são, pois, objetivos. Na verdade, nada há mais objetivo do que a objetividade absoluta da bondade Divina e da Felicidade a Ela inerente.

4) Mas por qual razão Deus já não nos criou assim perfeitamente unidos a Ele?

“Deus é amor” (1 João 4:8). O amor pressupõe o amante (aquele que ama) e o amado (aquele que recebe o amor). Assim, em sendo Deus puro amor, Ele quis espelhar esse amor no outro, a fim de que amasse e fosse amado. O ser humano, portanto, realiza a natureza mais essencial de Deus, permitindo-se ser amado por Deus e amando a Deus. Atingida essa meta máxima da natureza humana, o amante, o amado e o amor tornam-se um. “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 João 4:16).

O amor, ademais, para ser digno desse nome, precisa nascer e florescer, pois um amor imposto já não é amor. É por isso que nós, seres humanos, devemos aprender a amar a Deus e a crescermos nesse amor incessantemente, sempre mais e mais. Afinal, se o objeto do nosso amor (Deus) é infinito, o crescimento do nosso amor por Ele jamais poderá ter um limite.

Diferentemente de toda a criação divina, o ser humano é um vir a ser, um projeto, uma tarefa. Um animal é o que é, não precisando de mais nada para expressar a sua natureza segundo a Ordem Divina. Já o ser humano, porque criado para amar a Deus, está num constante processo de devir, isto é, de permitir que esse amor nasça, floresça e desabroche em seu coração.

Essa é a Rosa Mística dos Adeptos da Rosa+Cruz, que se saúdam uns aos outros desejando que a Rosa do Puro Amor desabroche na Cruz da sua humanidade. Esse desabrochar glorioso, fruto da Luz e do Calor do Summum Bonum, tal qual os raios do sol, que é o Seu símbolo fenomênico por excelência, vem acompanhado do indescritível e inebriante perfume da Suprema Felicidade, a Paz Profunda daqueles que, se fazendo Desconhecidos e Silenciosos ante a turba decaída, refletem em suas faces, tal qual Moisés (Êxodo 34:29), a Luz Primordial e entoam cânticos de louvor, bradando: Pax profunda omnibus hominibus bonae voluntatis!

5) Isso quer dizer que, quando da união da alma humana com Deus, ela perde a sua individualidade?

Não. O amor pressupõe uma dualidade sempre presente entre o amante e o amado. A visão beatífica ou o encontro face a face com Deus é um mistério caracterizado pela união mística do amante e do amado, o Casamento Místico do Cordeiro. Mas, nesse mistério, sempre haverá dualidade substancial e não unidade ontológica.

6) Como pode o ser humano amar a Deus?

Conhecendo-o, pois ninguém ama aquilo que desconhece.

7) Como se pode conhecer a Deus?

Deus, porque Absoluto, é incognoscível, só podendo ser conhecido quando se revela.

“Deus não é um objeto e não é também o objeto do conhecimento. Ele é a fonte da Graça que ilumina e revela. Ele não pode ser conhecido, mas pode revelar-se.” (Valentin Tomberg)

8) E quando Deus se revela?

Ele já se revelou, fazendo-se carne em Nosso Senhor Jesus Cristo. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1:14)”. Et verbum caro factum est.

9) Mas como é possível amar a Deus na figura do seu Verbo humanado, Nosso Senhor Jesus Cristo?

Pela fé nessa revelação. Pela fé no Mistério da Encarnação do Verbo. A experiência da fé leva ao conhecimento do Deus invisível, oculto, que nos ama imensamente.

10) Mas, afinal, o que é efetivamente amar a Deus na pessoa de Jesus Cristo?

Deus mesmo nô-la dá: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15).

11) Mas somos capazes de realmente obedecermos os mandamentos de Deus?

Não. A nossa natureza humana, maculada pelo veneno da Queda, não é capaz de realmente obedecer a Lei de Deus. É fraca e frágil. Somos orgulhosos, egoístas, concupiscentes e mesquinhos, entre outros vícios inerentes a todo e qualquer ser humano.

12) Não há, pois, esperança para a humanidade?

Sem dúvida que há. A Graça de Deus é que nos motiva a cumprir seus mandamentos, que nos dá força para tanto e que nos dá suporte para perserverarmos nesse intento.

Sem Deus, nada podemos. Absolutamente nada. Nem mesmo crer Nele ou ter a inspiração de suplicarmos o Seu auxílio.

13) E como podemos receber a Graça?

Pelos Sacramentos e pela Oração.

Os Sacramentos, símbolos visíveis da Graça, conferem-Na a nós por virtude própria (ex opere operato).

A oração permite-nos impetrar a Graça junto à misericóridia divina.

14) Seja pelos Sacramentos, seja pela oração, Deus nos dá a Graça ele mesmo?

Não. Obviamente, poderia fazê-lo, mas quis eleger uma intermediária para realçar a grandeza da sua mais perfeita criatura: Maria Santíssima, Nossa Senhora, Medianeira de toda a Graça.

*** Conclusão: “O ser humano foi criado para conhecer e amar a Deus.”