Ecclesia Catholica Apostolica Sancti Iohannes – E.C.A. S✠ I✠
Catecismo da Seção Exotérica – 1ª etapa
ESPIRITUALIDADE PRÁTICA:
O SINAL DA CRUZ
1) Por que os católicos fazem o Sinal da Cruz?
O Sinal da Cruz remonta aos primórdios da Igreja. Acredita-se que essa prática teria se iniciado ainda no período apostólico, mas a primeira menção escrita a ela foi feita por Tertuliano, no século III: “Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, lavamo-nos e iniciamos as refeições, quando vamos nos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persegnamo-nos a testa com o sinal da cruz” (De Corona Militis). Outro registro, também do século III, é atribuído a Santo Hipólito de Roma, que exortava os cristãos a fazerem o Sinal da Cruz em todas as ocasiões, pois é o sinal da Paixão de Cristo, que repele todo o mal.
Quando fazemos o Sinal da Cruz afirmamos três verdades fundamentais de fé cristã: (I) a Unidade e a Trindade de Deus; (II) a Encarnação do Verbo e (III) o Sacríficio da Cruz, para a restauração da ordem perdida (o Mistério do Gólgota).
2) Como se faz o Sinal da Cruz?
Segundo o Rito Latino, com os dedos da mão direita estendidos e unidos, toca-se a testa, o peito (ou o abdômen), o ombro esquerdo e o ombro direito, dizendo: “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amem.” (“in nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti. Amem.”)
3) Fazer o Sinal da Cruz é o mesmo que se persignar?
Não. Consoante o costume muito difundido há séculos na Península Ibérica, persignar-se consiste em, antes de se executar o Sinal da Cruz, fazer três cruzes, com o polegar direito, sobre a testa, os lábios e o peito, dizendo: “pelo Sinal da Santa Cruz, livra-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos” (“per signum crucis de inimicis nostris libera nos Deus noster”). Segue-se à persignação o Sinal da Cruz, como ensinado acima.
4) Os católicos orientais seguem esse mesmo costume?
Não. Os católicos orientais (ortodoxos) unem os três primeiros dedos da mão direita e dobram os dois últimos sobre a palma. Tocam, assim, a testa, o peito (ou o abdômen), o ombro direito e o ombro esquerdo, dizendo: “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amem.”
5) Por que os católicos orientais unem os três primeiros dedos da mão direita, deixando os dois últimos dobrados sobre a palma?
Ao unirem os três primeiros dedos da mão direita, estão simbolizando a Santíssima Trindade: um só Deus em três pessoas. Ao dobrarem os dedos anular e mínimo sobre a palma da mão, estão aludindo, simbolicamente, às duas naturezas de Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
6) Por que os católicos orientais tocam primeiramente o ombro direito?
Há mais de uma razão.
Os católicos orientais realçam a sua devoção à Santíssima Trindade, levando a mão à cabeça (em referência ao Pai), depois ao peito (o Pai enviou o Filho ao mundo, onde nasceu, padeceu, foi crucificado, morto e sepultado, ressurgiu do mortos, subiu aos céus) e, então, levando a mão ao ombro direito (o Filho está sentado à direita do Pai) e, por último, levando a mão ao ombro esquerdo (o Filho retornará para julgar os vivos e os mortos).
Os católicos orientais fazem o Sinal da Cruz da direita para a esquerda também para espelhar as ações do sacerdote quando ele dá a bênção aos fieis. O sacerdote, voltado para os fiéis, abençoa da esquerda para a direita e, desse modo, eles fazem o Sinal da Cruz em si mesmos da direita para a esquerda.
Uma outra razão se deve ao fato de Nosso Senhor Jesus Cristo separar os “lobos” das “ovelhas” de seu rebanho, dispondo estas últimas, simbolicamente, à sua direita. De igual maneira, o altar, a iconostase,[1] a assembleia dos fiéis e a própria igreja são incensados primeiramente do lado direito.
7) Por que os católicos do rito latino fazem o Sinal da Cruz com os cinco dedos da mão direita estendidos e primeiramente tocam o ombro esquerdo?
Ao unirem os cinco dedos da mão, realçam, simbolicamente, as cinco chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ao tocarem primeiramente o ombro esquerdo, simbolizam a restauração da natureza humana decaída (simbolicamente alocada à esquerda) pelo sacrifício da Cruz, o Mistério do Gólgota (simbolicamente alocado à direita, pois o Filho está à direita do Pai). Trata-se, pois, de um sinal que realça a restauração do gênero humano à ordem da Graça e a devolução dos dons sobrenaturais perdidos por Adão quando da Queda mediante o Preciocíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo (vertido das suas cinco chagas)
7) Devo fazer o Sinal da Cruz na forma latina ou na forma oriental?
Ambos são igualmente válidos e plenos de sentido teológico e místico. Fique à vontade, portanto, para optar pela forma que fala mais diretamente ao seu coração.
8) Quando devo fazer o Sinal da Cruz ou me persignar?
Sempre que desejar, mas sobretudo ao se deitar à noite e ao se levantar pela manhã. No século V, São Gaudêncio de Bréscia assim se pronunciou a respeito do Sinal da Cruz: “Esteja a Palavra de Deus e o sinal da cruz no coração, na boca e na fronte. Em meio à comida, em meio à bebida, em meio às conversas, nas abluções, nos leitos, nas entradas, nas saídas, na alegria, na tristeza”.
[1] Divisória ou biombo que separa a nave, onde ficam os fiéis, do santuário, reservado aos sacerdotes.