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“Que nunca trabalhou ou usou a O.T.O. para a França.) e Hans Rudolf Hilfiker”
Se você ainda não viu as primeiras partes, veja-as antes de continuar. Segue os links para elas abaixo:
Parte 5: Bricaud e a Conferência Internacional Maçônica e Espiritualista
Parte 6: Abbé Julio, Jean Sempé, Giraud e a Igreja Gnóstica Universal
Parte 7: A EGU após a Morte de Papus & a EGU no exterior
Parte 8: Reuss, Crowley, Krumm-Heller, Peithmann, Maine e Bertiaux
Chegamos à última parte de nossa história!
L’Église Gnostique Universelle – Chevillon
Voltando agora às Igrejas Gnósticas francesas, quando Jean Bricaud (Tau Jean II) morreu em 21 de fevereiro de 1934, foi sucedido por Constant Chevillon. Ele tornou-se o sucessor da organização de Bricaud que, como vimos antes, consistia em várias ordens iniciáticas. Dentre elas podemos citar: S.O.I. (Sociedade de Ocultismo Internacional, Collège d’Occultisme), Eglise Gnostique Universelle, Ordem dos Cavaleiros Maçons Elus-Cohen do Universo, Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraim, Ordem do Santo Graal, Ordem Cabalística da Rosa-Cruz Gnóstica, Ordo Templi Orientis para a França.
Todas essas ordens foram incorporadas a um “sistema operável” centrado em torno da Ordem Martinista e do Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraim. A Ordem Martinista, a agora chamada L’Ordre Martiniste-Martineziste de Lyon, que Chevillon herdou, foi dividida em duas organizações, a S.O.I. e os Elus Cohen. Supõe-se que a “International Occult Society” (SOI) correspondia de alguma forma à Ordem Martinista de Papus, com foco nos ensinamentos de Louis-Claude de Saint-Martin, reservando os Elus Cohen a maçons de Alto Grau, ou seja, a maçons do Memphis-Misraim. A OKRC de Guaita e outras ordens foram de alguma forma incorporadas nos ensinamentos da organização.
As informações acima são fornecidas para ilustrar a estrutura de uma organização que foi desenvolvida por Bricaud durante os anos de sua liderança da “OM de Lyon”, onde a sua “Église Gnostique Universelle” foi anexada como sua “Igreja oficial”. O foco da série é, naturalmente, a “Igreja Gnóstica Universal”, da qual Constant Chevillon se tornou seu Patriarca em 1934 sob o nome de “Tau Harmonius” ((“Patriarca neo-gnostique Tau Harmonius”, embora algumas fontes afirmem que Chevillon foi consagrado como Bispo por Giraud em 1936 – ambas as informações podem coexistir, inclusive)). Sabe-se que Chevillon fez algumas alterações na estrutura da organização, como a relação entre a S.O.I. e o M.M./Elus Cohen. A S.O.I. tornou-se uma sociedade independente da qual Chevillon nomeou Madame Bricaud, viúva de Bricaud, como presidente.
As revisões de Chevillion foram principalmente uma reação às relações alteradas entre as várias principais organizações fraternais e iniciáticas do mundo ocidental na época de sua liderança. Em 1934, a F.U.D.O.S.I. havia sido estabelecida em Bruxelas, uma federação internacional de ordens e sociedades iniciáticas. Vários dos órgãos afiliados dessa federação estavam sob jurisdição da organização Bricaud / Chevillon. Isso se aplicava aos dois ritos afiliados de Memphis-Misraim, que estavam sob a jurisdição do rito francês até 1933. Além disso, a F.U.D.O.S.I. também incluía a “Eglise Gnostique Universelle” de Lucien Chamuel como uma de suas organizações afiliadas, representada por Victor Blanchard que era originalmente Bispo da “Eglise Gnostique Universelle” de Bricaud.
Sob Chevillon, o relacionamento entre as ordens que integravam a F.U.D.O.S.I. e os Martinistas de Lyon (complementados com alguns outros representantes europeus da Ordem Martinista original e com oponentes de outros líderes das ordens que a constituía, como Reuben Swynburne Clymer, opositor do Harvey Spencer Lewis, da AMORC) tornaram-se comparáveis aos dias da época da “Guerra das Rosas” (Péladan contra Guaita, Papus etc).
Chevillon também reconsiderou o status da O.T.O. francesa, existente entre 1908 e 1920, que derivou sua autoridade de Reuss. Após a morte de Reuss em 1923, tornou-se indistinto quem liderava a coleção de graus do sistema de Reuss. Em várias correspondências entre Chevillon((Que nunca trabalhou ou usou a O.T.O. para a França.) e Hans Rudolf Hilfiker ((Para muitos, o legítimo herdeiro de Reuss)) que ocorreu entre abril e julho de 1936, Hilfiker chegou à conclusão de que a O.T.O. poderia ser considerada inexistente.
A relação tensa entre Chevillon e a federação belga culminou na fundação da F.U.D.O.F.S.I. , uma federação na qual a E.G.U. de Chevillon também foi incorporada. A F.U.D.O.F.S.I. (Federation Universelle de Ordres, Fraternites et Societies Initiatique) existia principalmente no papel e nunca realmente se transformou em uma federação ativa devido ao início da Segunda Guerra Mundial como o fora a federação a quem se opunha, a F.U.D.O.S.I.
A “Ordre Martiniste-Martineziste de Lyon” floresceu sob a liderança de Constant Chevillon durante os anos de 1936-1939. Em 5 de janeiro de 1936, L. M. Francois Giraud (1876-1950) consagrou Constant Chevillon como Bispo na “St Pierre Antioche-Église Syrienne”. Giraud foi, como afirmado anteriormente, o “Patriarca da Igreja Galicana” e, através de Giraud Chevillon, também recebeu a chamado “sucessão de Vilatte”.
Quando a Segunda Guerra Mundial estourou em 1940, a França foi ocupada pelos nazistas, que proibiram todas as atividades de organizações iniciáticas, especialmente a Maçonaria e outras Ordens, Sociedades e Fraternidades similares. O sul da França era governado pelo marechal Pétain, que foi eleito pelo “Parlamento” em 10 de julho de 1940, que lhe conferia total autoridade e controle. Em 13 de agosto de 1940 foi proclamada uma lei que proibia as chamadas “Sociedades Secretas”. Em 19 de agosto, Pétain assinou o decreto de dissolução do Grande Oriente da França e da Grande Loja da França. Em 27 de fevereiro de 1941, outro decreto dissolveria todo o resto das sociedades e irmandades. Chevillon foi forçado a continuar suas atividades de ordem para ir “para o subterrâneo”. Chevillon foi assassinado a sangue frio pela Vichy-Militia em 23 de março de 1944.
A morte de Chevillon forçou seus seguidores a reestruturar a “organização de Lyon”. Segundo Swinburne Clymer, associado de Chevillon na época, o arquivo completo da organização de Chevillon foi trazido para a América por um certo M. de St. Vincent após a morte de Chevillon. Clymer alegou que o arquivo estava em sua posse. De todo o modo, sendo verdade ou não, Chevillon foi sucedido por Charles-Henry Dupont como Grão-Mestre da Ordem Martinista de Lyon, embora Chevillon (obviamente) nunca tenha nomeado um sucessor. Charles-Henry Dupont foi um associado próximo de Chevillon durante sua vida e um alto dignitário da “O.M. de Lyon” e da F.U.D.O.F.S.I. O rito de Memphis-Misraim encabeçado por Chevillon foi continuado por seus discípulos com a ajuda de Georges Lagrèze, Camille Savoir e René Wibaux.
Pela pena de Robert Ambelain, sabemos que esses três altos dignitários ajudaram na “continuação” do Rito de Memphis-Misraim na França durante a guerra. Ambelain refere-se a Georges Lagrèze como o substituto adjunto do Grão Mestre Mundial. Após a morte de Chevillon, Lagrèze é ‘aclamado’ por Ambelain como o ‘salvador’ do Rito de Memphis-Misraim, um rito que foi dirigido até então por Chevillon como vimos. Sabemos que a relação entre Chevillon e Lagrèze durante os anos 30 era de oposição. Em um documento datado de 1º de março de 1936 ((Este documento foi enviado a todas as lojas do Rito de Memphis-Misraim em todo o mundo informando essas Lojas sobre as atividades de apóstatas belgas e as decisões tomadas por eles.)) Chevillon chama Lagrèze de “plagiador” dos rituais do rito no que diz respeito às atividades de Lagrèze nos ritos de Memphis-Misraim presentes na F.U.D.O.S.I. Chevillon afirma também no documento que Lagrèze considerou ele próprio o substituto do Grão-Mestre do Rito. O objetivo deste documento era declarar o Rito de Memphis-Misraim de Rombauts e Lagrèze como sendo “irregular”, pois Chevillon era o Grão-Mestre Internacional na época. Este documento foi co-assinado por Charles-Henri Dupont.
Lagrèze tinha sido membro da Ordem Martinista original de Papus e recebeu sua iniciação de Téder em 1906. Ele também recebeu uma carta constitutiva do Rito de Memphis-Misraim de John Yarker em 1909 (que o tornou um 33º e 95º). Ambelain provavelmente se referiu a esta carta quando afirmou que Lagrèze era o “Grão-mestre substituto no mundo inteiro”. É geralmente afirmado que Yarker nomeou Lagrèze porque Yarker não estava satisfeito com as atividades de Reuss e Papus na França na época (por volta de 1908). Aparentemente, Lagrèze nunca fez uso desta Carta até 1944, quando nomeou Ambelain como Delegado do Rito (95º).
Segundo Gerard Galtier, parece que Lagrèze aceitou a direção de Bricaud na década de 1920, mas se alinhou à “Ordre Martiniste et Synarchique” de Blanchard por volta de 1933, da qual ele aparentemente se tornou Grão-Mestre Substituto na época. Ao mesmo tempo, ele se alinhou com Rombauts e os dissidentes belgas e se envolveu nas atividades da F.U.D.O.S.I., o que o tornou automaticamente um oponente da organização de Chevillon. Lagrèze se envolveu mais tarde com a Ordem Martinista Tradicional de Chaboseau, da qual ele se tornou, brevemente, Grão-Mestre em 1946. Ele também esteve em contato próximo com o primeiro Harvey Spencer Lewis e, mais tarde, com o filho, Ralph Maxwell Lewis da AMORC. Lagrèze morreu em 1946.
Embora essas informações não estejam diretamente relacionadas às Igrejas Gnósticas envolvidas, elas se relacionam com vários personagens que desempenhariam um papel importante na continuação da Igreja Gnóstica após a Segunda Guerra Mundial.
O círculo de discípulos que participaram das atividades de Lagrèze, Ambelain, etc. durante a guerra consistiu de homens como André Chabro, Cyrille Novosselhof, Camille Zanolim, André Ouvrard, Charles Muller, Jules Boucher, Robert Amadou, Roger Ménard, René Chambellant etc. Vários desses homens estavam envolvidos com a continuação da Igreja Gnóstica após a guerra (Ambelain, Ménard e Chambellant desempenhariam um papel importante no desenvolvimento pós-guerra da Igreja Gnóstica como Bispos).
Ambelain e a Expansão da Igreja Gnóstica
Com o manto negro da Segunda Guerra Mundial nas costas, a Igreja começou a deixar a França para Portugal, Itália, Bélgica, norte da África e América do Sul, especialmente o Brasil, onde surgiu a sucessão da Igreja Católica Apostólica Brasileira.
Dom Carlos Duarte Costa (1888-1961) estabeleceu a Igreja Católica Brasileira algum tempo depois de junho de 1945. Costa havia sido Arcebispo de Botucatu, mas foi excomungado pela Cúria Católica Ramona em resposta a seus ataques ao Papa Pio XII por dar a bênção às tropas nazistas e fascistas na Praça de São Pedro em 1943. No final da Segunda Guerra Mundial, a proibição papal ao Arcebispo Costa foi levantada, embora o Arcebispo tenha recusado o convite para retornar ao seu posto na Igreja Romana e então ele fundou a Igreja Católica Apostólica Brasileira.
Robert Ambelain havia sido promovido ao trono Patriarcal e iniciou a recuperação da Igreja Gnóstica, que mudou seu nome de Igreja Gnóstica Universal (Católica), conhecida assim desde o Patriarcado de Jean Bricaud (Tau Jean II) e pelo martirizado Constant Martin Chevillon (Tau Harmonius), para Igreja Apostólica Gnóstica, mais conhecida como a Ecclesia Apostólica Gnóstica ou Église Gnostique Apostolique (EGA). Durante o período dos anos 50, Ambelain (Tau Jean II) foi escritor, traduziu muitas obras gnósticas e maçônicas e recuperou os Arquivos Gnósticos. Infelizmente, uma de suas obras mais notáveis, “Jesus e o segredo mortal dos Templários”, foi recebida na Europa com tanta controvérsia que o levou a se afastar da liderança ativa da Igreja. Ambelain, no entanto, também deve ser reconhecido pelo crescente crescimento gnóstico nas Américas. Em 1956, ele ordenou Pedro Freire (Tau Petrus) de Porto Alegre, Brasil, como Bispo Primaz da América Latina, que encomendou Fermin Vale Amesti (Tau Valentinus III), Primaz da Venezuela e América Central. Mais tarde, após sua renúncia como Patriarca na década de 1960, o novo Patriarca Roger Pommery (Tau Jean IV) assumiu o controle do ressurgimento americano.
Ainda em 1960 Charles-Henry Dupont (Tau Charles-Henry) – seu então Patriarca – renuncia sua autoridade em favor de Ambelain, o qual havia conseguido uma grande notoriedade com seus escritos. Ambelain, então, dissolve a E.G.U. em favor da sua já existente l’Église Gnostique Apostolique.
A última parte dos anos 1960 fez a Igreja Gnóstica ter grandes avanços e também enormes desafios. Em 1967, o patriarca Dom Roger Pommery (Tau Jean) sabia que certos Bispos franceses ordenaram uma mulher((Como vimos, originalmente, na Igreja do Doinel, tal prática existia. Aqui já vemos que alguns Bispos viam a ordenação de mulheres como um problema, contrariando algo que existia na origem do movimento.)) no Episcopado e havia chamado um “Sínodo Mundial” dos Bispos da Igreja para discutir essa prática. Este Sínodo não conseguiu resolver esse “problema” e, quando certos Bispos franceses continuaram a prática, os Bispos belgas deixaram a Igreja e formaram uma Igreja oposta conhecida como “Nova Aliança”.
A saúde de Pommery caiu e, após sua morte, a posição passou para Dom André Mauer (Tau Andreas), que a manteve brevemente por causa de sua saúde debilitada, passando posteriormente a posição para o Dr. Pedro Freire, Patriarca do Primado da América Latina, do Brasil. Esta foi a primeira vez na história em que o Patriarcado foi mudado para fora da França, para as Américas. Antes de fazer isso, convidou Willer Vital-Herne (ordenado no ano anterior por Roger Pommery) como Bispo com a Primazia da Igreja no Haiti, nas Índias Ocidentais e nas ilhas do Caribe. Ele também nomeou Pe. Roger St. Victor – Herard como Prefeito Apostólico da América do Norte.
Voltando um pouco para a questão das sucessões envolvidas aqui, é frequentemente afirmado (especialmente pela E.G.A.) que Charles-Henry Dupont (1877-1961) foi o sucessor de Chevillon como Patriarca da “Église Gnostique Universelle”. A linha de sucessão usual usada em muitos artigos históricos da Igreja Gnóstica Francesa é a linha “Bricaud – Chevillon -Chambellant((Foi eleito em 1945 quando a EGU foi ressuscitada, como sucessor de Chevillon.)) – Charles-Henri Dupont((Que sucedeu “Renatus”/Chambellant em 1948.)).
A sucessão de Chevillon por Dupont é afirmada por Robert Ambelain em uma publicação da revista “L’Initiation” de 1964. Segundo Ambelain, Dupont foi consagrado em 15 de abril de 1948 por Antoine Fayolle, membro da Ordre Martiniste-Martinéziste de Lyon, de Chevillon, e um alto dignitário do F.U.D.O.F.S.I.
Segundo Ambelain, Fayolle, foi ordenado por Chevillon alguns anos antes de seu assassinato, uma reivindicação (a ordenação de Fayolle por Chevillon) questionada por outras fontes, especialmente sobre a natureza da suposta ordenação. Parece certo que Fayolle ordenou Dupont na Igreja Gnóstica Universal. De acordo com Dom Charles Artagnan, o que realmente aconteceu foi que Dupont se declarou “Eveque gnostique et patriarche de L’Eglise Gnostique Universelle (Catholique Gnostique)” em um documento assinado por Dupont (Tau Charles-Henry) em 1960. Dupont também afirma neste documento que ele foi o sucessor legítimo e regular dos “Nos Seigneurs regrettés” Tau Constant (Constant Chevillon) e Tau Jean II (Jean Bricaud). O documento dizia respeito à transmissão sucessiva de Dupont a Robert Ambelain (Tau Robert ou Jean III) como Patriarca da “L’Eglise Gnostique Apostolique”. O documento exigia que Ambelain unificasse as duas igrejas. Após a morte de Victor Blanchard, em 1953, Ambelain fundou sua própria “L’Eglise Gnostique Apostolique”, fundindo-se com a “L’Eglise Gnostique Universelle” de Dupont em 1960.
A linha de sucessão que incluía Dupont como Patriarca da Igreja Gnóstica foi mais tarde aceita pelas Ordens que estavam ligadas à Federação das Ordens Martinistas (O.M de Papus do Dr. Philip Encausse, de 1958, O.M. de Lyon de Dupont, O.M. des Elus Cohen de Ambelain). Após 1960, essas Ordens foram incorporadas a ‘O.M. de Paris”, liderada pelo filho de Papus. Em 1962, o “protocolo da União das Ordens Martinistas” foi assinado por Philippe Encausse e Ambelain, um protocolo que menciona os laços tradicionais da Ordem Martinista com a “Église Gnostique Apostolique Universelle”. Em 1968, Philippe Encausse assinou um protocolo que confirmou a aliança((O protocolo era uma confirmação da “aliança de 1911” na qual a Église Gnostique Universelle de Bricaud foi reconhecida como sendo a “igreja oficial dos Martinistas”.)) entre a Igreja Gnóstica Universal e a Ordem Martinista((Na verdade, André Mauer já havia proclamado essa aliança oficial em 1967)).
A sucessão transmitida de Chevillon a Dupont foi conferida por Antoine Fayolle, um membro da E.G.U. chefiado por Chevillon e dignitário da F.U.D.O.F.S.I. Robert Ambelain afirma que Fayolle foi ordenado por Chevillon como sacerdote em 1938. Fayolle, como Ambelain afirma em uma publicação de 1964 de “L’Initiation”, em seguida, consagra Dupont em 15 de abril de 1948. Ambelain também menciona que Fayolle foi o suposto sucessor de Chevillon como patriarca da “Église Gnostique Universelle”. Aparentemente, essas afirmações se baseiam em um documento escrito e assinado por Charles-Henry Dupont, de 1º de março de 1946. Este documento (escrito à mão) consistia em testemunhos de Fayolle e outros, incluindo Dupont. De acordo com este documento, Chevillon havia ordenado quatro membros da “Église Gnostique Universelle” como padres; Lucien Raclet, Charles-Henri Dupont, Antoine Fayolle e René Chambellant. Como Chevillon nunca documentou as supostas ordenações((Ou nunca se teve acesso a tais documentos. Novamente, como já frisamos, não é porque o pesquisador não teve acesso a um documento que ele não exista.)), esses “testemunhos” foram publicados.
A sucessão de Constant Chevillon é tema de um artigo francês ((Uma entrevista com T. Jacques feita por Alain Pédron.)) chamada “Quest-ce que L’Eglise Gnostique”, que apareceu em uma publicação da revista “L’Originel” ((n. 2 -1995.)). Em um artigo com Tau Jacques((Robert Amadou.)) há inclusão de material suplementar e correções feitas por ele complementado com a contribuição de um certo Père Antoine, um padre da Igreja Maronita((Rito oriental da Igreja Católica Romana, com destaque especialmente no Líbano moderno.)) sobre a natureza de uma Igreja Gnóstica exotérica((Até agora nos deparamos com Igrejas Gnósticas “de” e “para” iniciados e aqui vemos pela primeira vez uma Igreja Gnóstica voltada também ao público externo.)).
O artigo original afirma que Constant Chevillon consagrou os quatro sub-diáconos (Raclet, Dupont, Fayolle e Chambellant) no diaconato. Tau Jacques afirma que está quase certo de que Constant Chevillon nunca realmente ordenou alguém como sacerdote de seu Episcopado gnóstico. Se Chevillon pretendia ordenar sacerdotes, isso era impedido pela guerra que estava à mão naqueles dias, como T. Jacques. Seja qual for a verdade, na posição de Amadou, nenhum dos quatro diáconos foi ordenado por Chevillon como sacerdotes em 1938. Chevillon não nomeou um sucessor e aparentemente nunca pretendeu escolher um, porque ele assinou um tratado com três outros líderes de Igreja fora da Igreja Gnóstica, que afirmava que, se um dos quatro líderes da Igreja que assinou o tratado morresse, os outros restantes é que nomeariam um sucessor.
Após o assassinato de Constant Chevillon, esse tratado foi aparentemente encontrado em Paris. Parece que o tratado foi assinado por volta de 1940-1941. Um dos signatários foi Monsenhor Marie-Marcel Laemmer, contatado por um dos ex-discípulos de Chevillon. Acontece que René Chambellant teve o apoio de alguns membros da Igreja Gnóstica de Lyon para se tornar o sucessor de Chevillon. Dom Laemmer aparentemente consentiu em ordenar e consagrar Chambellant como “Eveque gnostique et patriarche de L’Eglise Gnostique Universelle”, mas afirma-se que os outros dois signatários do tratado se opunham a esta nomeação porque esses Bispos se opunham à consagração de um “gnóstico”.
Lucien Raclet e Antoine Fayolle também se aproximaram de Dom Laemmer no que diz respeito a uma possível consagração. A história não teve continuação, embora se afirme que Raclet recebeu sua ordenação um pouco mais tarde de uma Igreja diferente. Quanto a Antoine Fayolle, parece que Fayolle recebeu sua “sucessão” de um Marcel Cotte que recebeu a filiação da “Église Gnostique Universelle Catholique” de Jules Doinel. De alguma forma, a sra. Bricaud, a viúva de Jean Bricaud, está envolvida com a autenticidade da afiliação de Cotte. O artigo afirma que a Sra. Bricaud não atribuiu muita importância à sucessão apostólica, sem a qual a Igreja Gnóstica de seu marido funcionava até 1913 e, portanto, acreditava que a Igreja Gnóstica ainda poderia continuar com Marcel Cotte com a filiação de Doinel((Portanto com a filiação espiritual de Doinel, sem uma sucessão apostólica.)). Quando Fayolle recebeu sua sucessão de Cotte, ele imediatamente se proclamou como “Eveque gnostique” na linha de sucessão que descendia de Bricaud e Chevillon, em outras palavras, Fayolle se proclamou sucessor de Constant Chevillon. Fayolle então consagra Charles-Henry Dupont em 15 de abril de 1948. A consagração é, como afirmado anteriormente, confirmada por Robert Ambelain.
Voltando para as sucessões nas Américas, A l’Église Gnostique Apostolique em 1970, através de linhas sucessórias cruzadas em Tau Pierre (Pedro Freire), passa a caminhar associada à l’Église Gnostique Catholique Apostolique, porém, ambas em 1978 também passam a repousar como organizações internacionais após a declinação ao patriarcado por parte de Fermin Vale-Amesti (Tau Valentinus III).
Embora o ramo americano da l’Église Gnostique Catholique Apostolique tenha mantido suas atividades até 1989, após a morte do Primaz Roger Saint-Victor Herrad (Tau Charles) suas atividades passaram também a se restringir em focos isolados de atividade por parte de Bispos remanescentes.
O Dr. Freire era um homem muito amado e respeitado, não apenas na Eglise Gnostique Apostolique, mas também entre muitos outros sacerdotes dos mais diversos ritos apostólicos em todo o mundo. Dom Antidio Vargas ((Patriarca Titular de Theoupolis e Diretor da Catedral da Santa Igreja Católica Brasileira na cidade de Lajes, no Estado de Santa Catarina, Brasil.)) concedeu-lhe uma magnífica coroação e o instalou no Patriarcado no dia 17 de dezembro de 1970. Dom Vargas, assistido pelos Bispos da Igreja Armênia, ficou famoso por sua própria renúncia à Igreja de Roma, depois de críticas ao Papa Pio XII por colaboração política com as tropas-eixos na Segunda Guerra Mundial, como falamos anteriormente. Dom Vargas era agora o Patriarca da Igreja Vétero-Católica do Brasil.
Ele nomeou o Dr. Freire como Mar Petrus-Johannes XIII, seguindo o estilo católico ocidental mais que o gnóstico. Vale ressaltar que o reinado de Petrus-Johannes XIII pareceu começar uma tendência ao ecumenismo que continuou na carreira de Roger Saint Victor Herard, que havia sido nomeado Primaz da América do Norte em 31 de dezembro de 1970. Infelizmente Petrus-Johannes não conseguiu resolver, em seus sete anos de patriarcado, a profunda divisão entre os Bispos sobre a “problemática” da ordenação de mulheres.
Na década de 70, Ambelain aboliu o Patricardo “geral” e declarou todos os ramos como autocéfalos. Deste modo, cada estrutura é independente, com seus Bispos e seu Sínodo, sem a figura de um Patriarca “universal”.
Há muito mais histórias, principalmente nos ramos agora autocéfalos, mas decidimos pará-la neste ponto, quando podemos considerar o fim de um era da Igreja Gnóstica e começo de uma nova, mais independente e livre, mas ainda séria e tradicional.
Diferenças de Abordagem
Enquanto pontuamos a história dos desenvolvimentos gnósticos modernos, vimos que em cada figura de destaque tínhamos uma abordagem distinta. Podemos, para fins didáticos, dividir a história dos desenvolvimentos da Igreja Gnóstica Francesa em quatro eras – Doinel, Fabre des Essarts e Fugarion, Bricaud e Ambelain. Em cada uma delas há diferentes definições, abordagem e paradigmas do Gnosticismo, das doutrinas, das liturgias e das estruturas iniciáticas.
O foco deste trabalho foi em demonstrar uma linha histórica das principais figuras da Igreja Gnóstica em suas eras, ainda que vimos outras figuras não menos importantes em outros sistemas como Palaprat, Reuss e Krumm-Heller. Muitas vezes tivemos que entrar em nuances das Ordens com as quais estavam envolvidos porque era necessário para uma melhor compreensão de como as suas Igrejas se desenvolveram e se relacionaram. Tentamos não entrar nestas particularidades de definições, doutrinas, liturgias e estruturas, ainda que por algumas vezes o fizemos, para que possamos ver no decorrer de nossos estudos, pois o foco aqui foi na história.
Porém, para finalizar, vejamos o que Mathieu G. Ravignat dispõe sinteticamente sobre as diferenças de ênfase e estrutura dentro de cada era.
Era Doinel. Ênfase: Neo-catarismo, Neo-valentinianismo. Estrutura: simples.
Era Fabre des Essarts e Fugarion. Ênfase: Sincretismo gnóstico/esotérico (incluindo também religiões orientais). Estrutura: muito complexa – sete graus gnósticos associados a sacramentos e ordenações associadas de modo a formar um sistema similar e baseado aos 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Era Bricaud. Ênfase: Sincretismo gnóstico/esotérico (há uma “catolicização” da Igreja Gnóstica). Estrutura: uma estrutura mais simplificada que a anterior, composta de apenas quatro graus.
Era Ambelain. Ênfase: Origenismo + influência mais pontual da Igreja Romana. Estrutura: nos moldes da Igreja Católica Apostólica Romana, contendo quatro Ordens Menores e três Ordens Maiores.
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