Martinismo… Willermorismo… Martinezismo… Saint-Martinismo… Papusianismo… Martinismo “Russo”… Todos esses nomes foram e são utilizados para descrever diferentes aspectos, ideias e corpos que compõem a Tradição Martinista. Tal como podemos facilmente observar na própria formação da Ordem Martinista, fundada por Papus (Papusianismo), mas que carrega consigo traços característicos das escolas de Louis-Claude de Saint-Martin (Saint-Martinismo) e de Jean-Baptiste de Willermoz (Willermorismo), os contornos que poderiam dividir cada um dos mencionados aspectos podem não ser necessariamente muito precisos. Existem zonas de sobreposição de características e conceitos e, para um estudante recém-chegado na Tradição, isso pode gerar muita confusão e dúvida. Por esse motivo, a divisão do Movimento Martinista proposta por Francesco Brunelli demonstra ser bastante interessante e única. No lugar de se preocupar com a tipificação de características próprias de cada ramo da Tradição, Brunelli preocupou-se em simplesmente propor uma divisão temporal. Desse modo, temos o seguinte:
Martinismo Primitivo: refere-se ao trabalho de Martines de Pasqually e de sua escola – a Ordem Maçônica dos Cavaleiros Sacerdotes Eleitos do Universo ou, simplesmente, Ordem dos Elus Cohen – cujo ápice hierárquico era composto pelos Reau-Croix e Soberanos Juízes.
Martinismo Antigo: refere-se ao trabalho de dois discípulos de Martines de Pasqually – Louis-Claude de Saint-Martin e Jean-Baptiste de Willermoz. Desse modo, o Martinismo Antigo compreende tanto o Rito Escocês Retificado, cujo ápice hierárquico era composto pelos Grão-Professos, quanto o sistema de livre-iniciação de Saint-Martin (duas escolas com técnicas completamente distintas, conforme salienta Brunelli).
Martinismo Moderno: refere-se ao trabalho da Ordem Martinista, conforme concebida e fundada por Gerard Encausse – Papus. Nesse momento, a Ordem Martinista foi aliada a Tradições e Ordens consideras coirmãs e mantinha em seu seio um núcleo rosacruciano interior.
Martinismo Contemporâneo: refere-se ao trabalho da Ordem Martinista ramificada em diferentes vertentes que, por vezes, passaram a carregar dentro de si outras organizações tradicionais como a Ordem dos C.B.C.S., a Ordem Elus Cohen, a R+C do Oriente, etc.
Em minhas próximas duas publicações, inspirado nessa divisão de Francesco Brunelli, proporei uma divisão para o Movimento Martinista na Rússia. Com isso, correndo o risco de não ser muito popular em algumas das colocações que trarei aos olhos do leitor, espero desmistificar esse aspecto da Tradição. Posteriormente, também pretendo retomar o tema do núcleo rosacruciano interior da Ordem Martinista.
Deixe uma resposta