“Arcano é aquilo que alguém deve “saber” para ser fecundo em determinado domínio da vida espiritual, aquilo que deve estar ativamente presente em nossa consciência – ou mesmo em nosso subconsciente – para nos tornar capazes de fazer descobertas, de gerar ideias novas, de conceber temas artísticos novos, numa palavra, para nos tornar fecundos em nossos esforços criativos, e isso em qualquer domínio da vida espiritual. O Arcano é um “fermento” ou “enzima” cuja presença estimula a vida espiritual e anímica do homem. E os símbolos são os portadores desses “fermentos” ou dessas “enzimas” e os comunicam – se o receptor for capaz de recebê-los, isto é, se se sentir “pobre de espírito” e não sofrer da doença espiritual mais grave: a suficiência“. (“Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô”, por Valentim Tomberg)
Repetindo o final da citação anterior, a suficiência é a mais grave doença espiritual. Às vezes brinco que vivemos em uma época de “super-homens espirituais”. Todos já sabem de tudo, já praticaram de tudo, usam como referência do que é certo e o que é errado apenas o seu conhecimento intelectual e as poucas práticas que possuem (isto quando possuem) e, principalmente, não precisam de nada e nem de ninguém para seguirem os seus caminhos.
“Somos eternos aprendizes”. É uma frase clichê, mas é uma verdade. Sempre temos algo novo a aprender. Nós não sabemos de tudo. Devemos estar sempre abertos ao novo. Devemos estar sempre abertos a questionarmos até mesmo aquilo que hoje temos como verdade.
“Ora, são os Arcanos que nos estimulam e dirigem na arte de aprender”, também nos diz Tomberg. Esta e a primeira citação foram retiradas do Capítulo 1 de sua obra, capítulo este que diz respeito ao Arcano I “O Mago”. Sendo assim, podemos dizer que a primeira lição prática deste Arcano, a pedra fundamental da Iniciação inclusive, pois sem ela não se pode ter nenhum progresso no caminho iniciático, consiste em “aprender a arte de aprender”.
Para avançarmos no campo espiritual certamente não podemos sofrer do mal da suficiência. Um copo cheio de água não pode receber mais água – vai derramá-la. É preferível que estejamos sempre com o copo vazio, sempre aptos a receber e, principalmente, a doar. Precisamos aprender a arte de aprender. Assim seremos fecundos nos domínios espirituais e cada dia de nossa vida pode se tornar uma constante fonte de aprendizado e de sabedoria.
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