Se você ainda não viu as primeiras partes, veja-as antes de continuar. Segue os links para elas abaixo:
Parte 5: Bricaud e a Conferência Internacional Maçônica e Espiritualista
Parte 6: Abbé Julio, Jean Sempé, Giraud e a Igreja Gnóstica Universal
Parte 7: A EGU após a Morte de Papus & a EGU no exterior
Nesta parte iremos falar sobre as figuras de Reuss, Crowley, Krumm-Heller, Jean-Maine e outras. Por mais polêmica que essa parte possa ser, tais personagens fazem parte da história dos desenvolvimentos gnósticos modernos e, portanto, devem ser citados para a completude deste trabalho. Na próxima parte, continuaremos a história da Igreja Gnóstica na França, com a sucessão de Chevillon.
G.K.K. e Reuss
A história sobre a O.T.O. de Reuss e seu relacionamento com Aleister Crowley é bem documentada e amplamente conhecida, portanto não nos alongaremos nela, até mesmo porque não é o escopo deste trabalho. Irei apresentar nesta sessão apenas um breve resumo das atividades de Reuss e seus “herdeiros” em relação à sua Gnostisch Katholische Kirche, GKK.
Como aconteceu com todas as ordens em que estava à frente, ele incorporou a G.K.K. dentro da Ordo Templi Orientis. Como afirmado anteriormente, diz-se que em 1908 Papus concedeu autoridade episcopal e primacial a Reuss em sua “Église Catholique Gnostique”, que traduziu para o alemão como “Die Gnostische Katholische Kirche”. Em 1917, Theodor Reuss traduziu a “Missa Gnóstica” de Crowley para o alemão, a qual o famigerado mago inglês aparentemente escreveu em 1913 e publicou sob os auspícios da sua OTO. Também conhecida como “Liber XV”, era o ritual da Igreja Católica Gnóstica que ele preparou para o uso na OTO, a cerimônia central de sua celebração pública e privada, análoga à Missa da Igreja Católica Romana. A publicação da “die Gnostische Messe” foi acompanhada por uma introdução escrita por Theodor Reuss (Merlin Peregrinus) chamada de “Os Neocristãos Gnósticos”.
Na época da publicação, em 1917, Reuss morava em Basel, na Suíça. Reuss refere-se a si mesmo como “Carolus Albertus Theodorus Peregrinus, Soberano Patriarca e Primaz da Igreja Católica Gnóstica, Vicarius Solomonis e Caput Ordinis OTO” e afirma que ele, como um “Patriarca Soberano” chefia a Igreja Gnóstica em vários países, tais como Alemanha, Holanda, Áustria, Hungria, Rússia, América, Romênia, Suíça e Turquia. Na mesma publicação, ele também se refere a si mesmo como atual chefe dos cristão neo-cristãos gnósticos e dos templários orientais.
Essa é uma afirmação bastante estranha, pois, ao mesmo tempo, Reuss se descreveu como “Delegado Gnóstico da Igreja Gnóstica Universal da França para a Suíça”, sob a liderança de Joanny Bricaud. Alguns autores afirmam que ele queria criar a sua própria Igreja, mas se trata possivelmente de uma especulação. De qualquer forma, como já vimos, em 1919, Bricaud fez de Reuss “légat gnostique pour la Suisse”, legado da Suíça. Bogaard, citando Peter R. Koenig, afirma que Bricaud queria introduzir[1]Tal afirmação é bastante controversa, pois a visão da Missa Gnóstica de Crowley era muito distinta da visão da Missa Gnóstica da Igreja de Bricaud, como veremos adiante. a “Missa Gnóstica” de Crowley como “a religião” para os maçons do 18º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito[2]A saber, o décimo oitavo grau do Rito Escocês Antigo e Aceito é o grau de Soberano Príncipe da Rosa-Cruz ou Cavaleiro da Rosa-Cruz. Para alguns autores, o coração do REAA é o seu grau 18, … Continue reading. Reuss foi autorizado a apresentar a ideia em seu “Congresso Mundial de Maçons” em Zurique, na Suíça, em 1920, no qual o principal objetivo dele era estabelecer uma “União Internacional de Maçons”. Reuss falha miseravelmente. O relatório da sessão do Conselho Supremo em tal congresso afirma que nem o Grande Oriente nem seus membros possuem qualquer tipo de conexão com a Missa Gnóstica de Reuss, chamam-no de estúpido e ainda dizem estar tentando desassociar qualquer conexão ainda existente entre o Grande Oriente e o nome de Reuss.
É sabido geralmente que Crowley começou a trabalhar por conta própria desde que partira para a América alguns anos antes e que ele estava lentamente trabalhando para o estabelecimento de sua própria versão do O.T.O[3]Ou seja, aos poucos Crowley estava inserindo a sua tradição, Thelema, dentro da O.T.O. Utilizando um neologismo, Crowley estava thelemizando a O.T.O.. Em 1921, Crowley se auto-proclamou como O.H.O, “Frater Superior da Ordem dos Templários Orientais”. Na sua versão da Missa Gnóstica, diz-se que ela é descendente de outros rituais de união mística além da Igreja, como os Mistérios pagãos. Para Thelema, há uma precessão de Éons e a “fórmula do Deus morto”, isto é, o Cristianismo, era válida e correta no Éon anterior, de Osíris, sendo necessária uma nova fórmula para o novo Éon, o Éon de Hórus.
A questão crítica aqui é como Jean Bricaud, cristão devoto e seguidor de Maitre Philippe poderia aceitar a Missa Gnóstica de Crowley como a religião oficial do 18º grau da Maçonaria Escocesa[4]Possivelmente também seria incorporada no Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraim.? Bogaard cita um documento no qual provavelmente Reuss nega o caráter cristão do grau de Cavaleiro Rosa-Cruz, dizendo que havia na verdade um caráter místico-gnóstico[5]É como se disséssemos que o Cristianismo lá contido é mais simbólico do que religioso, coisa que o próprio autor discorda, afirmando que isto seria uma releitura devido ao grau 18 ser … Continue reading. Peter R. Koenig afirma ter os documentos originais que comprovam que quem queria a Missa Gnóstica de Crowley era o próprio Bricaud, mas nunca o revelou. Independentemente de tal documentação existir ou não, é fato que Bricaud e Reuss trabalharam juntos e, pela época em que isto ocorreu, é claro que Bricaud conhecia o aspecto espermo-gnóstico dos grupos de Reuss, caso contrário não teria trocado cartas e dignidades. Koenig também afirma haver relatos, que podem ser reais ou não, que Bricaud e Crowley chegaram a se encontrar por volta de 1924.
Estas afirmações podem gerar mais perguntas sem respostas, se formos parar para analisar. É sabido que supostamente eles queriam incluir a Missa Gnóstica de Crowley na Maçonaria, mas por que não na própria Igreja Gnóstica de Bricaud? Por que foi escolhida a Maçonaria e não a Igreja? Não há evidências de Missas Gnósticas do Crowley sendo realizadas por Bricaud e seus sucessores. Elias Ibrahim afirmou que Bricaud e Chevillon, como continuadores da linhagem Memphis-Misraim, questionaram a conexão de Crowley com suas linhagens da Igreja Gnóstica e deste rito, pois quando a OTO passa para a liderança de Crowley, ela toma um rumo totalmente distinto. Mais tarde, na década de 30, Bricaud e Chevillon se uniram a R. S. Clymer para combater Lewis e sua F.U.D.O.S.I. Clymer classificou Crowley como um “mago negro” e desaprovou sua religião de Thelema, outro fato que fala contra a aceitação da Missa Gnóstica thelêmica pelos franceses. Enfim, a aceitação de uma declaração de que Bricaud, um ex-monge trapista e devoto discípulo de Maitre Philippe, aceitou a Missa Gnóstica de Crowley e Reuss parece muito estranha. Mas temos que entender que a possível proposição foi feita logo após a Primeira Guerra Mundial. Na época, Bricaud era um representante da O.T.O. de Reuss na França. O próprio Bricaud, como cristão gnóstico, demonstrou tolerância em aceitar variações doutrinárias. Não há documentada nenhuma afirmação formal de Bricaud contra Thelema. Talvez ele nem tivesse claro o que seria se dizer um “thelemita” ou mesmo, dado que tal solicitação foi feita quando Reuss ainda liderava a O.T.O., tal estranheza só surgiu quando Crowley encabeçou de vez a ordem de Reuss.
De todo o modo, o raciocínio e ações de Bricaud são bastante intrigantes e não temos como obter uma imagem adequada de sua personalidade e de seus pensamentos. Há a questão do cisma da Ordem Martinita gerado pela afirmação dúbia[6]Conta-se que Blanchard constatou que o documento era falso. Fato é que há uma divisão aí, o que faz com que acreditemos que houve aqueles que acreditaram na veracidade do documento e aqueles que … Continue reading de que Bricaud foi o legítimo sucessor de Téder. Há também a afirmação que o 66º de Memphis-Misraim[7]Patriarche Grand Consécrateur, Patriarca Grande Consagrador, grau no qual se faz um Bispo Gnóstico neste Rito. usado por Bricaud não alude ao Cristo, coisa que Ambelain, um sucessor de Bricaud, considerou bem estranho[8]Uma crítica que pode ser feita é – qual a relevância do grau citar ou não o Cristo? Presume-se que o iniciado já tenha esse conhecimento, além do mais uma compreensão mais universal, … Continue reading. Koenig também afirma que a sede de Bricaud em Lyon trazia a inscrição “Église Chretienne moderne Néognostique”, que lembrava a lenda nos neo-cristãos gnósticos de Reuss.
Por fim, fica claro aqui que a missa da O.T.O. é diferente da missa da Igreja que gerou a sua linhagem. São relacionados por ascendência original, mas diferentes na maioria dos aspectos.
Milko Bogaard nos diz que Reuss e Crowley nunca receberam uma consagração “pessoalmente” na Igreja Gnóstica de Bricaud ou em qualquer outra Igreja regular. Sabe-se que não existe evidência documental de tais consagrações. Porém, não é porque uma documentação não chegou até nós que ela não exista, assim como não é porque não há documentação que algo não ocorreu. Até mesmo porque se isto tivesse acontecido deveriam haver declarações contendo a estranheza quanto a trabalhos sem consagração ou com alegação falsa de consagração e sabemos também que tais declarações não existem.
Hoje há várias ramificações de Igrejas Gnósticas thelemitas, algumas delas contando com linhagens além das de Reuss. Por mais que tal estranheza pareça não ter havido ali na década de 1910, não se vê compatibilidade entre as ideias originais da Igreja Gnóstica e as ideias thelêmicas. Há uma ascendência, mas as diferenças acentuam incompatibilidades.
Dr. Krumm-Heller e a Iglesia Gnostica Catholica
Arnold Krumm-Heller, do qual já falamos brevemente antes, aceitou a lei de Thelema até certo ponto. Para ele, Thelema não era nada mais do que uma nova forma de Gnose que nos permite voltar às raízes do Cristianismo, buscar o Logos dentro de nós mesmos. Krumm-Heller, como mencionado anteriormente, foi discípulo do Bispo Clement (bispo sob a EGU de Bricaud). No final da primeira década do século XX, Papus autorizou Krumm-Heller a estabelecer templos na América do Sul sob a sua jurisdição com o auxílio de Peter Davidson (da I. H. de Luxor). Krumm-Heller posteriormente recebeu a sucessão gnóstica de E. C. H. Peithmann e foi consagrado novamente em 1939 por Constant Chevillon. Depois da morte de Reuss em 1923, Krumm-Heller se considerou o herdeiro dos trabalhos de Reuss, assim como outros como Heinrich Traenker e Aleister Crowley.
Em 1927, Krumm-Heller fundou a “Fraternitas Rosicruciana Antiqua”, uma organização rosacruciana que floresceria principalmente na América do Sul.
Em 1931, Krumm-Heller publicou sua “La Iglesia Gnostica” ou “Die Gnostische Kirche”, livro este que chegou a ser traduzido no Brasil sob o título “A Igreja Gnóstica, Tradição Huiracocha”.
Quando Krumm-Heller morreu em 1949, sua organização continuou sob vários grão-mestres, sem um líder mundial ou qualquer outro tipo de liderança geral. Muitos membros das ordens da Krumm-Heller ficaram inseguros quanto a várias coisas, como o “status” de sua organização. Embora ele considerou-se sucessor da O.T.O. de Reuss, parece ter abandonado a ideia por aparentemente não mencionar isto em sua F.R.A. Há “Grandes Mestres Nacionais” na América do Sul e em alguns países europeus que continuaram a F.R.A. “original” e a O.T.O. Mas a história nos diz que é muito mais provável que Krumm-Heller tenha se dissociado de qualquer trabalho da O.T.O. depois da F.R.A. tornar-se bem sucedida.
Até hoje, aqui no Brasil, muitas lojas da F.R.A. celebram a “Gnostische Messe” (Missa Gnóstica) de Arnold Krumm-Heller, que é aparentemente derivada da missa de Peithmann.
Várias fontes afirmam que Krumm-Heller nunca nomeou um Patriarca de sua Igreja Gnóstica e que ele aceitou no final de sua vida Robert Ambelain como chefe da Igreja Gnóstica. De acordo com algumas fontes. a única pessoa que recebeu tanto a sucessão da F.R.A. quanto a sucessão da Igreja Gnóstica de Krumm-Heller foi o Dr. Albert Wolf, que foi nomeado pelo Parsival, filho de Krumm-Heller, cinco dias após a morte de seu pai. Parece que o Dr.Wolf foi apontado como sucessor da Krumm-Heller no Brasil. Infelizmente o alegado sucessor morreu dentro de um ano após a morte de Krumm-Heller, em 1950. De acordo com informações derivadas de P.R. Koenig apontadas por Milko Bogaard, a maioria dessas organizações considerava o legado de Krumm-Heller como um tipo de tríade espiritual que consistia na F.R.A., na O.T.O. e na G.K.K./G.C.C. (Igreja Gnóstica Católica ou Iglesia Gnostica Catholica). Novamente, o quadro que emerge é bastante complexo, com várias Igrejas e organizações gnósticas hoje em dia, principalmente na América do Sul, todas alegando ser as sucessoras legítimas do Dr. Krumm-Heller.
Na Europa, as várias Igrejas Gnósticas Alemãs foram continuadas através de E.C.H. Peithmann, que representou uma continuação da “Antiga Igreja Gnóstica de Elêusis” (herdada pela sucessão por Krumm-Heller) e Ernst Tristan Kurtzahn, anunciado como “Ecclesiarch” da “Gnostica Ecclesia Catholica” na publicação nacional de “Der Weltloge” em 1924. Kurtzahn aparentemente participou da OTO de Reuss na década de 1920. Kurtzahn também participou (através de escritos) do estabelecimento da “Fraternitas Saturni” de Eugen Grosche, uma ordem mágica muito intrigante fundada após o desaparecimento da “loge Pansophia”, uma loja pertencente à organização pansófica, uma ramificação alemã da O.T.O. de Reuss liderada por Heinrich Traenker nos anos 1920-1930 (a Fraternitas Saturni cresceu fora dessa organização em algum lugar entre 1926 e 1928).
Outro dos “herdeiros gnósticos” de Krumm-Heller na Europa foi (supostamente) Herbert Fritsche (contestado por muitos seguidores da F.R.A. na América do Sul), um suposto ex-aluno de Gustav Meyrink. O herdeiro da F.R.A. de Fritsche e sua Igreja Gnóstica foi Hermann Joseph Metzger, da Suíça (Fritsche morreu em 1960). Metzger liderou uma organização suíça que consistia em várias ordens irmanadas, como O.T.O., F.R.A., I.O. (Ordem Illuminati) e a G.K.K, a Igreja Gnóstica. Este grupo ainda existe até hoje.
L. F. Jean-Maine e a Ecclesia Gnostica Spiritualis
Outro ramo gnóstico ativo é a Igreja Gnóstica que faz parte da “Ordo Templi Orientis Antiqua”. A O.T.O.A. deriva sua autoridade de Lucien-François Jean-Maine.
Segundo Milko Bogaard, citando texto de P. R. Koenig, não há evidências documentais da história destas organizações antes de 1966, e seu labirinto de organizações relacionadas parece ter sido desenvolvido por Marc Lully, Michael P. Bertiaux e Manuel C. Lamparter, e talvez Kenneth Grant, no final da década de 1960. O próprio Milko revela que Hector-François Jean-Maine, filho de L.F. Jean-Maine, recebeu consagrações regulares e válidas de Ambelain e Dupont (E.G.U./E.G.A.) nas décadas de 40 e 50, o que já contradiz o que Koenig fala. Em outras palavras, H. F. Jean Maine era martinista e recebeu várias ordenações da Igreja Gnóstica da França e suas linhagens foram passadas a Michel Bertiaux, que sucedeu H.F. Jean Maine.
Qualquer que seja a verdade, de acordo com a história da O.T.O.A., L.F. Jean-Maine foi supostamente consagrado pelo sucessor de Doinel, Synésius, em 1899 e foi nomeado bispo da Église Ophite des Naaseniens (Ecclesia Cabalistico-gnóstico de Memphis-Misraïm) por Paul-Pierre de Marraga (Orfeo VI) da Espanha. P. P. de Marraga foi supostamente iniciado no Rito de Memphis-Misraim por Manuel Lopez de Brion em 1860. De Brion foi bispo da “Église Gnostique d’Albigois”, embora nenhuma evidência documentada deste ramo foi encontrada. A linha de sucessão de Brion e Marraga supostamente descende de um certo Tau Thesée I da “Église Hieroglyphique des Imagiers” de 1710. Afirma-se que Jean-Maine conheceu Papus em ou por volta de 1900. As fontes afirmam que Jean-Maine teve um background proveniente de um ramo haitiano dos Elus Cohen, estabelecido no século XVIII pelo próprio Martinez de Pasqually. Jean-Maine supostamente também colaborou com os discípulos da Fraternitas Lucis Hermetica de P. B. Randolph e recebeu em 1910 do próprio Papus o grau X da O.T.O. de Reuss. Afirma-se que, em troca, Jean-Maine consagrou Papus nos altos graus da Ecclesia Gnostica de P.-P. de Marraga.
Em 1919, Jean-Maine se mudou da França para a Espanha, onde supostamente consagrou seu sucessor da Ecclesia Gnostica Spiritualis, Martin Ortier de Sanchez e Marraga, da Igreja Gnóstica Espanhola ou “Église gnostique d’Albigeois et des Naaseniens”, que também estava dirigindo seu ramo de Memphis-Misraim. Fora do rito de M.M, desenvolveu outros trabalhos que foram influenciados pela O.T.O., F.L.H. de Randolph, a Ordem Martinista, o Gnosticismo e o Vodu.
Como já falamos antes quando não havia evidência documental sobre coisa alguma, isto não significa necessariamente dizer que o fato não ocorreu. Como envolve diversos nomes importantes na história da escola francesa de Esoterismo Ocidental, é claro que se não tivesse ocorrido haveria alguma manifestação contrária ao Jean-Maine. Além do mais, como o próprio Milko Bogaard aponta, Koenig foi representante europeu da O.T.O.A. de Bertiaux, mas em 1995 foi removido de sua autoridade pelo próprio Bertiaux…
Por exemplo, o filho de L.F. Jean-Maine, Hector-François Jean Maine, foi ordenado por Robert Ambelain em 18 de novembro de 1949[9]Ele havia sido consagrado como padre em 1949, sendo consagrado como Bispo apenas em 1953. e mais uma vez em 1953, desta vez por Ambelain, Henri Dupont e seu próprio pai, L.F. Jean Maine. Ambelain ordenou-o mais uma vez em 1959 por uma razão desconhecida. Seu sucessor foi Michael Paul Bertiaux, que recebeu várias linhas eclesiásticas de sucessões como, por exemplo, a linhagem de Basilides, a de Valentinus, a da “Igreja Católica Liberal” e da “Ordem Mariavite”, a da “Église Gnostique Universelle” de Bricaud, bem como a da “Ecclesia Gnostica Catholica” de Krumm-Heller. Bertiaux também mencionou uma linhagem ortodoxa russa.
Referências
↑1 | Tal afirmação é bastante controversa, pois a visão da Missa Gnóstica de Crowley era muito distinta da visão da Missa Gnóstica da Igreja de Bricaud, como veremos adiante. |
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↑2 | A saber, o décimo oitavo grau do Rito Escocês Antigo e Aceito é o grau de Soberano Príncipe da Rosa-Cruz ou Cavaleiro da Rosa-Cruz. Para alguns autores, o coração do REAA é o seu grau 18, sendo o restante do rito uma moldura para este grau. |
↑3 | Ou seja, aos poucos Crowley estava inserindo a sua tradição, Thelema, dentro da O.T.O. Utilizando um neologismo, Crowley estava thelemizando a O.T.O. |
↑4 | Possivelmente também seria incorporada no Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraim. |
↑5 | É como se disséssemos que o Cristianismo lá contido é mais simbólico do que religioso, coisa que o próprio autor discorda, afirmando que isto seria uma releitura devido ao grau 18 ser absolutamente cristão (religioso) por natureza. De todo o modo, é perfeitamente possível enxergar o Cristianismo enquanto símbolo e gnose, perpassando a própria religião que se estabelece através dele, coisa que Bogaard estranha aqui. |
↑6 | Conta-se que Blanchard constatou que o documento era falso. Fato é que há uma divisão aí, o que faz com que acreditemos que houve aqueles que acreditaram na veracidade do documento e aqueles que não acreditaram e romperam com a Ordem do Bricaud. |
↑7 | Patriarche Grand Consécrateur, Patriarca Grande Consagrador, grau no qual se faz um Bispo Gnóstico neste Rito. |
↑8 | Uma crítica que pode ser feita é – qual a relevância do grau citar ou não o Cristo? Presume-se que o iniciado já tenha esse conhecimento, além do mais uma compreensão mais universal, histórica e gnóstica das crenças religiosas faz muito mais o tom das Igrejas Gnósticas francesas neste período, como já vimos antes. |
↑9 | Ele havia sido consagrado como padre em 1949, sendo consagrado como Bispo apenas em 1953. |
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