Encerrei meu texto anterior, “Martinismo & Rosa+Cruz”, considerando que o propósito inicial da O.K.R.C. como uma organização interna à Ordem Martinista ainda deve ser considerado como de inestimável valor. Para além de ser um corpo interno de incentivo ao aprimoramento prático e investigativo da formação tradicional, a O.K.R.C. também mantém a missão de fortificar o vínculo, por meio do Iluminismo R+C, entre a Ordem Martinista e o Iluminismo Cristão. Em um momento futuro, pretendo expor alguns documentos originais da O.K.R.C. que, exatamente por não serem amplamente conhecidos, abrem uma lacuna histórica que permite que tantas fantasias se desenvolvam entorno do tema, quanto que pessoas mal-intencionadas se aproveitem do desconhecimento generalizado para os mais diversos fins. Para esta ocasião, entretanto, comprometi-me a começar a introduzir o Sistema R+C I.N.R.I. conforme o concebemos e praticamos no presente ciclo de atividade. Apesar de estar me referindo a um trabalho que é desenvolvido já há vários anos, esta será a primeira vez que um registro público será feito a respeito do Sistema.
O Sistema R+C I.N.R.I. refere-se a um sistema de graus e investiduras iniciáticas que se preocupa com a revinculação ordenada e harmônica da Ordem Martinista com o Iluminismo R+C. O Sistema é restrito a Superiores Desconhecidos Culminados da Ordem Martinista, isto é, membros que, tendo completado o estudo do currículo formal da Ordem Martinista, foram recebidos em sua organização interior, o Círculo dos Filósofos Desconhecidos – C.F.D. A esse respeito, é importante destacar a palavra “formal” que aqui se refere a palavra “currículo”. Nosso entendimento é que a Ordem Martinista possui um currículo extremamente amplo e que uma vida mesmo seria insuficiente para que o encerremos. É por essa razão que Papus muito bem delimitou que cada iniciado é uma adaptação particular do currículo geral da Ordem. Particularmente, gosto de destacar que cada iniciado deve ser treinado quanto a conseguir ouvir sua própria vocação de sorte que consiga fluir pelo caminho proposto pela tradição.
Uma coisa a respeito da qual devemos ser sempre lembrados: a Tradição não perpetua a si mesma. É em razão dos esforços dos diferentes elos de nossas cadeias de sucessão que, hoje, encontramos no seio de nossa Amada Ordem um espaço privilegiado para a trabalho em prol de nossa Iluminação e do Serviço altruístico pela humanidade. Respeitosamente, nos referimos a esses elos como Mestres do Passado e neles reconhecemos a atuação de verdadeiros Veladores ou preservadores da Tradição.
É preciso que saibamos que nem todos os Veladores trabalham de maneira aberta ou coletiva, estabelecendo Lojas ou Ordens e ganhando o merecido reconhecimento público de Mestres do Passado, mas que muitos deles, de acordo com o propósito do Trabalho com o qual se comprometeram, optam pelo serviço e pela perpetuação da Tradição no Silêncio e no Isolamento. Nesse caso, os Veladores muitas vezes trabalham a partir de um selecionado e íntimo grupo de Iniciados e, em algumas circunstâncias, para que a Tradição seja preservada em tempos de adversidades políticas ou de guerras, seus discípulos sequer chegam a se conhecer.
Uma vez que os Veladores são os responsáveis mais diretos pela preservação e pela perpetuação da Tradição, destacamos que, desde que sejam dignos e não falhem em conservar a pureza do propósito, agem sob a inspiração e proteção dos Mestres do Tempo. São justamente eles que garantiram a perpetuação da Tradição do passado para o presente, bem como garantem sua sobrevivência do momento presente para o futuro. É também entre os Veladores que os Conhecedores (Iluminados) muitas vezes encontram o meio mais fértil para a frutificação das sementes espirituais que dispensam ao mundo.
No que tange à atuação dos Conhecedores, como me referi anteriormente, uma Sociedade ligada ao Invisível por meio de um ou mais de seus chefes e cujo princípio de existência pode ser encontrado em um plano supra-humano costuma ser considerada como uma Sociedade de Iluminados. Esse é um ponto de grande relevância, pois uma das formas pelas quais uma Sociedade de Iluminados pode se manifestar é justamente pelo trabalho de um Velador, que estabelece uma Loja ou Círculo, ou, em algumas situações raras, quando, pela influência de um Velador, diferentes Lojas são agrupadas na formação de uma Ordem.
Para além das estratégias do Trabalho na Intimidade do Silêncio ou do Trabalho em prol da formação de verdadeiras Sociedades de Iluminados, em algumas situações específicas, Veladores também podem formar pequenas e discretas células, muitas vezes secretas, para melhor servirem ao propósito da preservação da Luz da Iniciação.
Rosa+Cruz Oculta – D::S::S:: é o nome pelo qual se convencionou chamar uma das células que, em dias atuais, está ativa. Seus membros são conhecidos como Pais ou Patriarcas Rosa+Cruzes (PR+C), embora raramente revelem a si mesmos dessa maneira. Eles foram recepcionados na célula no momento em que se submeteram à Consagração Rosa+Cruz.
Quando são formadas, células como a Rosa+Cruz Oculta – D::S::S:: assumem a missão de concretização de propósitos bastante específicos. É bastante comum que as células se diluam a partir da realização dos propósitos por detrás da sua formação. Nesse caso, seus membros se espalham, aguardando o momento em que a necessidade os guiará para a formação de novas células.
O propósito conhecido ao qual os PR+Cs da Rosa+Cruz Oculta – D::S::S:: se dedicam é triplo:
1 – A difusão, por meio de organizações emanadas ou irmanadas, do Conhecimento Arcano pelo ensino dos princípios fundamentais do Movimento Rosa+Cruz.
2 – A manifestação, para o mundo, do antigo Sacerdócio Iniciático conforme a tradição da Igreja Invisível.
3 – O Serviço à Iniciação por meio da liberação, para o mundo, e da transmissão, para os Iniciados selecionados, de um poderoso influxo espiritual rosacruciano e cavalheiresco.
É exatamente em razão do segundo propósito que a Igreja Gnóstica da Luz Eterna – E.G.A.L.//E.GRAAL foi exteriorizada sob os auspícios da Rosa+Cruz Oculta – D::S::S:: e que uma íntima relação foi firmada entre seu Collegium Pontificum e a célula que o emanou.
A Ordem dos Irmãos Iluminados da Rosa+Cruz, já citada por Papus como uma verdadeira Sociedade de Iluminados, no presente ciclo de atividades foi escolhida pela Rosa+Cruz Oculta – D::S::S:: para trabalhar como sua exteriorização mais visível. É principalmente por meio da Ordo Illuminati Rosae+Crucis que a Rosa+Cruz Oculta – D::S::S:: cumpre o seu terceiro propósito: transmitir a Iniciados devidamente selecionados um poderoso influxo espiritual.
A Ordo Illuminati Rosae+Crucis, no presente ciclo de atividades, é composta apenas por dois círculos ou graus. O primeiro é transmitido através da Cerimônia de Armação Rosa+Cruz e confere ao impetrante a dignidade de Cavaleiro Rosa+Cruz (KR+C), às vezes conhecida como Cavaleiro do Pelicano ou Cavaleiro das Quatro Rosas. Quanto ao segundo, ele é transmitido através da Cerimônia de Ordenação Rosa+Cruz e é a iniciação de Mestre Iniciador. A Ordenação Rosa+Cruz é reservada a membros do primeiro grau que também receberam o sacerdócio, segundo a Ordem de Melquisedeque.
O mencionado influxo espiritual é transmitido no primeiro grau da Ordo Illuminati, sempre pelas mãos de legítimos Mestres Iniciadores. Tal influxo é dito como sendo bastante poderoso e isso decorre da Armação Rosa+Cruz tratar-se da transmissão de um complexo “nó iniciático” que, no momento de sua difusão a partir do coração da Rosa+Cruz Oculta – D::S::S::, foi “atado”, contando com o auxílio e o patrocínio de diferentes “linhas” ou expressões tradicionais rosacrucianas e cavaleirescas. O influxo espiritual rosacruciano encontra sua origem em expressões Rosa+Cruzes tradicionais, que se alastraram a partir de pontos geográficos espalhados por todo globo, e foram primeiramente impulsionadas por iniciadores legítimos dessas diferentes expressões rosacrucianas. O mesmo ocorre com o influxo cavalheiresco, cuja origem remonta a diferentes transmissões perpetuadas, desde a noite dos tempos, por diferentes vias e organizações, de cavaleiro a cavaleiro. A Armação Rosa+Cruz se refere, pois, à transmissão de um verdadeiro e raro legado, o qual seus impetrantes assumem o dever de proteger.
São selecionáveis para a Armação Rosa+Cruz aqueles Iniciados que demonstraram possuir verdadeiros méritos na aplicação do conhecimento arcano em favor da comunidade e do Serviço à Luz. Na Tradição, o Serviço é necessário e indispensável. A seleção é rigorosa e costuma ocorrer no seio de diferentes organizações que, de algum modo, se relacionam com o Sistema.
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