História dos Desenvolvimentos Gnósticos Modernos – Parte 1

Conforme comentado nos últimos posts, irei compartilhar aqui com vocês a história dos principais desenvolvimentos gnósticos modernos. Nada mais especial do que começar a falar desse tema numa data importantíssima como a Páscoa. Nesta primeira parte, trarei a história de Fabré-Palaprat e sua proposta de restauração da Ordem do Templo e da Igreja Joanita. Ainda que essa história não seja necessariamente sobre um movimento gnóstico propriamente dito, mas sim templário e joanita, seus desdobramentos irão mais tarde ao encontro dos ressurgimentos gnósticos.

O RENASCIMENTO DA ORDEM DO TEMPLO

Fabré-Palaprat

Em 1804, Ledru de Chevillon de Saintot e Raymond Fabré-Palaprat  disseram restaurar a Ordem do Templo e a sua Igreja Joanita[1]Diz-se que Hughes de Payens foi investido com o poder apostólico patriarcal pelo Soberano Pontífice e Patriarca Theocleto, número sessenta e sete em sucessão direta desde São João Apóstolo, a … Continue reading, divulgando pela primeira vez publicamente a carta de Larmenius,[2]Manuscrito que detalha a transmissão da liderança dos Cavaleiros Templários após a morte de Jacques De Molay para Johannes Marcus Larmenius. Historicamente é tido como falsificação. Ainda que … Continue reading transmitida desde 1324. Para tal restauração, eles basearam-se nesta carta, nos estatutos presentes em um manuscrito de 1705 e em um diário de procedimentos da Ordem do templo.

Esses documentos foram apresentados por Ledru, um médico. Ledru havia comprado esses documentos através da venda das propriedades do falecido Duke du Cosse-Brissac, um ex-grão-mestre da Societé d’Aloya, que foi criada em Paris em 1789. A sociedade alegou ser (ou se diz) uma continuação da Ordem Templária medieval.

Embora iremos apresentar os Ritos maçônicos envolvidos na renovação da Ordem do Templo, não iremos nos debruçar sobre a Ordem do Templo de Palaprat, focando apenas em sua Igreja Joanita.

RITOS MAÇÔNICOS POR TRÁS DA RENOVAÇÃO DA ORDEM DO TEMPLO

Carta de Larmenius

O estudioso maçônico R.F. Gould em sua “História da Maçonaria”, publicado originalmente em 1902, sugere uma provável conexão entre a Ordem dos Templários de Fabré-Palaprat e várias Lojas Joanitas. Gould refere-se a “La Petite Resurrection des Templiers” (“A Pequena Ressurreição dos Templários”), uma sociedade criada em 1682, e a uma loja maçônica francesa chamada “Les Chevaliers de la Croix”, que existia na época da fundação da “Ordre du Temple” em 1804.

A conexão com La Petite Resurrection des Templiers foi feita por vários estudiosos maçônicos da época que afirmavam que os estatutos de 1705 eram uma falsificação. Segundo essas fontes, os estatutos foram forjados pelo padre jesuíta Bonani e na verdade eram referentes à ressurreição de uma sociedade de 1681 intitulada “Pequena Ressurreição dos Templários” e que tinha como um de seus membros o célebre Fenelon, que converteu o célebre Ramsay ao catolicismo romano, como fala John Yarker em seu livro “Arcane Schools”. Yarker continua afirmando que “de todo o modo, se de 1705, a Carta prova a existência de um ramo dos Templários Escoceses”. Papus afirmou que o Templarismo sempre existiu como uma “força revolucionária” na França. Desde meados da década de 1750, membros da Ordem do Templo decidiram mudar as suas atividades usais e começaram a se infiltrar na Maçonaria, criando Graus Superiores relacionados ao Templarismo. A influência templária nas Lojas Maçônicas foi tamanha que criou uma atmosfera que eventualmente “alimentou” a Revolução Francesa, também conforme Papus[3]Curiosamente tal informação é encontrada numa obra de Papus dedicada a Martinez de Pasqually e não especificamente ao Templarismo..

Segundo Massimo Introvigne, do CESNUR[4]Center for Studies on New Religions., no final do século XVIII, na época da Revolução Francesa, havia uma controvérsia nas Lojas maçônicas francesas sobre a subordinação do Templarismo à Maçonaria. Havia uma tendência entre os maçons de subordinar a Maçonaria ao Templarismo. Segundo Introvigne, o primeiro “desacordo” teve origem na Loja dos “Chevaliers de la Croix” (“Cavaleiros da Cruz”). Introvigne também menciona o envolvimento dos “Chevaliers de la Croix” na “descoberta” da carta de Larmenius.

A já mencionada Societé d’Aloya também é mencionada pelo Barão De Tschoudy em 1766. Ele se refere a eles como “Freres de Aloya”, um apelido para esses Cavaleiros Franceses da “Fraternidade de Jerusalém”. Na declaração anterior sobre a Societé d’Aloya, afirma-se que a sociedade foi estabelecida em 1789, o que está em contradição com a referência feita por De Tschoudy. Os arquivos de De Tschoudy foram doados após sua morte ao Conselho dos “Chevaliers d’Orient”, dos quais ele havia sido um membro ativo. Os “Chevaliers d’Orient” ou “Cavaleiros do Oriente” foram provavelmente fundados por volta de 1756. Diz-se que De Tschoudy esteve envolvido no desenvolvimento desse Rito. Por volta de 1972 este Rito sofreu alguns problemas, o que resultou no estabelecimento do “Conselho Soberano dos Cavaleiros do Oriente”, que aparentemente se uniu à sua própria prole, o “Conselho Soberano dos Príncipes do Segredo Real”, no mesmo ano. Mas parece que o “Conselho dos Cavaleiros do Oriente” existiu independentemente do “Imperadores do Oriente e do Ocidente” depois de 1762, como veremos mais adiante. As constituições deste sistema (“Rito de Perfeição” ou “Heredom” ou “Imperadores do Oriente e do Ocidente”) ainda são reconhecidas hoje como a base do Rito Escocês (15º grau, Chevalier d’Orient et de l’Epée, 17º Grau, Chevalier d’Orient et d’Occident). De Tschoudy também trabalhou em seu próprio sistema na França durante a década de 1760, que ficou conhecido como “Maçonaria Adonhiramita”. Em 1766, ele publicou seu trabalho mais importante, “L’Etoile Flamboyante ou La Societé Des Francs-Maçons, Considéré sous tous les Aspects”, ou seja, “A Estrela Flamejante ou a Sociedade dos Maçons, considerada sob todos os aspectos”. O que interessa aqui é que “L’Etoile Flamboyante”, de De Tschoudy, é a fonte da história sobre os “Pais Qadosh” ou “Os Cavaleiros da Estrela da Manhã”, também conhecidos como “Thebaid Solitaries”, nomes de seitas gnósticas supostamente ligadas aos Templários das Primeiras Cruzadas. De Tschoudy e seu movimento, através de seus escritos e sua influência no desenvolvimento de certos Ritos maçônicos, como o 17º grau da Maçonaria Escocesa, podem ser vistos como um “grau cristão esotérico” com o uso da alegoria dos Sete Selos, que foi uma das “forças invisíveis” por trás da fundação do “Ordre du Temple”.

No livro de Peter Partner, “Murdered Magicians: The Templars and Their Myths”, o escritor também sugere uma conexão entre a Loja maçônica “Chevaliers de la Croix” (“Cavaleiros da Cruz”) e o novo Templarismo de Fabré-Palaprat. Em 1806, um de seus membros originais, Antoine Guillaume Chéreau publica um livro chamado “Explication de la Croix Philosophique, suivi de la Explication de la Pierre Cubique” sobre as origens e o significado da Rose-Croix[5]Aqui encontramos uma possível conexão entre Rosacrucianismo e Templarismo. (francesa). Chéreau era membro da “Ordem do Oriente” e dos “Chevaliers de la Croix”. A estrutura de Graus da “Ordem do Oriente” aparentemente sugere que os neófitos vinham do 18º grau do Rito Escocês do Grande Oriente. Muitos membros desta Loja pertenciam à mais alta nobreza francesa. Esses Ritos estavam relacionados e talvez por trás da formação de Ritos como a Ordem Templária de Fabré-Palaprat. Várias fontes (estudiosos, historiadores maçônicos, etc.) afirmam que esses Ritos eram as forças móveis “invisíveis” por trás da Ordem Templária mais visível, incluindo sua Igreja Cristã Primitiva.

A Ordem do Templo aparentemente anunciou oficialmente sua independência de qualquer organização maçônica em 1811, inclusive sua desconexão do Grande Oriente da França. Mas se afirma que sua conexão com os Chevaliers de La Croix permaneceu, assim como a ruptura “oficial” com a Maçonaria é duvidosa por muitos.

O EVANGELICON / O LEVITIKON

O “Evangelicon” é uma versão do Evangelho de João precedida por uma introdução e um comentário que leva o nome de “Levitikon” que foi escrita por Nicephorus, monge grego de Atenas. A Igreja Joanita de Fabré-Palaprat é baseada neste Evangelho de São João.

Palaprat comprou um manuscrito em um estande de livros usados em Paris em 1814 e posteriormente adotou o conteúdo deste manuscrito como a futura doutrina de sua Ordem do Templo. Este manuscrito consistia nas seguintes partes:

  1. Doutrinas religiosas e rituais dos nove graus da Ordem do Templo, além de uma descrição da Igreja Joanita Templária, bem como uma explicação do termo Joanita.
  2. O Evangelho de São João, sendo que os dois últimos capítulos (20-21) estão perdidos. Não constam os milagres presentes neste livro como a transformação da água em vinho, os pães e peixes e a ressurreição de Lázaro, assim como algumas referências a Pedro, o que inclui a história de Jesus falar que Pedro seria a rocha sobre a qual ele fundaria a sua Igreja.

 Podemos dizer que o Levitikon é uma versão gnóstica do Evangelho de São João. Há inclusive quem diga que seria a forma original[6]Não época não se tinha a ideia de que os Evangelhos passaram por algumas edições até chegar naquilo que conhecemos hoje. deste Evangelho, antes das edições posteriores que formaram ele como conhecemos hoje. Ele também afirma que “Nosso Senhor era um iniciado dos Mistérios de Osíris”[7]Patrick Brunout, em seu posfácio à “Explicação da Cruz Filosófica …” de Guillaume Chéreau, afirma que a Igreja de Palaprat também bebia das doutrinas maçônicas que consideram o … Continue reading.

Em 1811, a Ordem publicou o “Manuel des Chevaliers de L’Ordre du Temple”, impresso para circulação privada entre seus membros. Ambas as publicações, o Manual e o Levitikon, relatam que a Ordem do Templo continuou existindo desde os dias de Jacques De Molay. Desses manuscritos, Fabré-Palaprat compôs a história Joanita dos Templários. Para ele, revela-nos J. M. Ragon, os Templários aprenderam com os “Iniciados do Oriente” tal doutrina judaica relacionada a São João Apóstolo e, logo após, renunciaram à religião de São Pedro e se tornaram Joanitas, recebendo também tal sucessão diferenciada da Igreja Católica. Ele seria o Grão-Mestre Templário da época, em uma sucessão ininterrupta desde De Molay. Porém, o desejo de Fabré-Palaprat de ser reconhecido pelo Grão-Mestre da “Ordem de Cristo” portuguesa como o sucessor de De Molay foi negado.

Palaprat também disse ser o herdeiro da sucessão apostólica de São João, concedida de Grão-Mestre Templário a Grão-Mestre Templário desde a época de Payens até chegar a ele. Apoiando-se nesta sucessão, em 1828[8]Algumas fontes afirmam que a fundação foi em 1830, ao invés de 1828., ele funda a “Église Johannites des Chrestiens Primitif” (“Igreja Joanita dos Cristãos Primitivos”).

L’EGLISE JOHANNITES DES CHRETIENS PRIMITIF

A Igreja Joanita dos Cristãos Primitivos era uma reorganização da doutrina do Levitikon de Fabré-Palaprat e também era conhecida como uma “Alta Iniciação”. Fabré-Palaprat afirmou que havia recebido um legado do Oriente e esses contatos desconhecidos aparentemente estavam associados aos Cavaleiros Templários e, através dos Cavaleiros, aos “Joanitas” da Judéia.

 L’Eglise Johannites des Chretiens Primitif foi co-fundada por Palaprat com o Senhor Mauviel, um eclesiástico que foi consagrado em 1800 em Paris como Bispo constitucional de Cayes no Haiti. Fabré-Palaprat foi ordenado sacerdote pelo Bispo de Lot (e mais tarde por Mauviel). No mesmo dia em que ocorreu a transmissão no Haiti, 29 de julho de 1810, Palaprat consagrou Machault como Primado da Igreja Joanita. Machault consagrou o Senhor Chatel na Igreja Joanita em 1831. Dom Chatel mais tarde recebeu o título de “Bispo dos Gauleses”, criando a proeminente, mas com curta vida, “Eglise Catholique Franchise” com Diocese em Paris, Bruxelas e Nantes.

Palaprat em seu paramento de Grão-Mestre Templário

Ferdinand Chatel era um clérigo cuja “Eglise Catholique Franchise” proclamava a liberdade da autoridade Papal com uma liturgia falada em francês. Algumas fontes afirmam que a E.C.F. de Chatel foi fundada antes de seu envolvimento com a Igreja Joanita. Ele estava buscando uma autoridade para consagrá-lo Bispo de sua nova Igreja e encontrou-a na Igreja Joanita de Palaprat. Já este precisava de algum tipo de Primaz e encontrou-o em Chatel.

A Igreja Católica Francesa de Chatel foi estabelecida em “algumas antigas Lojas” de Montmartre em 1831. Infelizmente a relação entre Fabré-Palaprat e Chatel não durou muito. De fato, parece que Chatel foi expulso da Igreja Neo-Templária por ter tido problemas com seus amigos maçons. Os Templários ou Joanitas reuniram-se e julgaram-no herege em um Sínodo, no qual Chatel foi representado por uma boneca de pano. Este não seria o fim dos problemas da nova religião.

Palaprat em seu paramento de Soberano Pontíficie e Patriarca da sua Igreja Joanita

Segundo o estudioso maçônico Albert G. Mackey em seu livro “Lexicon of Freemasonry” (1871), a “doutrina joanita” propagada por Fabré-Palaprat causou um cisma na Ordem dos Templários. A Ordem neo-Templária aparentemente começou como uma Ordem “perfeitamente ortodoxa” e quando Fabré-Palaprat introduziu a doutrina Joanita muitos membros se opuseram à “nova religião”. Fabré-Palaprat se proclamou o Soberano Pontífice e Patriarca da Igreja Joanita e exigiu que todos os Templários aceitassem a “nova” fé. As consequências dessa mudança de visões religiosas foram ainda maiores porque haviam mais membros ortodoxos que reforçaram o cisma.

A Igreja Joanita continuou enfrentando muitas dificuldades e parece que após a morte de Fabré-Palaprat em 1838 a Ordem do Templo e a Igreja Joanita declinaram. Afirma-se que embora a Ordem dos Templários ortodoxa desapareceu, a Igreja Joanita continuou as suas atividades em segredo. O pequeno círculo de nobres franceses e belgas que lideravam as atividades da Ordem continuou com a Igreja Joanita em pequenos grupos selecionados. Há indícios de que fora desses círculos um grupo evoluiu na Bélgica até chegar décadas depois a uma Loja chamada “KVMRIS”.

Chatel

A Loja KVMRIS foi a primeira e principal Loja Martinista de Bruxelas, originalmente criada em 1892. Uma possível pista que fornece uma conexão entre os remanescentes da Ordem dos Templários de Fabré-Palaprat e sua Igreja Joanita à Loja KVMRIS é um documento publicado em 1840 pela “Ordre du Temple” em Bruxelas, Bélgica. O documento representava os estatutos “originais” da Convenção dos Templários, realizada em Versalhes em 1705, na qual Philippe, o duque de Orleans, foi nomeado Grand-Maitre da “Ordre du Temple”. Estes estatutos foram publicados pela “Imprimerie de l’Ordre du Temple” em Bruxelas, Bélgica. A Carta de transmissão contida neles menciona Fabré-Palaprat como o 46º Grão-Mestre da Ordem dos Templários.

A Ordem do Templo sofreu um cisma após a morte de Fabré-Palaprat, dividindo defensores e oponentes da Igreja Joanita. Chatel[9]Aqui encontramos uma provável controvérsia histórica ou uma pergunta ainda sem respostas. Se Chatel havia sido expulso, como ele liderou a Igreja após a morte de Palaprat? continuou a liderar esta Igreja após a morte de Fabré-Palaprat. Os dois ramos da Ordem do Templo, liderados pelo conde Julio de Moreton de Chabrillan (defensor da Igreja Joanita) e pelo almirante William Sydney Smith reconciliaram-se em 1841 com Jean-Marie Raoul.

O livro “Ordre des Chevaliers du Temple” possui uma lista dos sucessores de Fabré-Palaprat, na que Raoul é mencionado como “Grand Maitre” de 1840 até 1850. Um certo Vernois, que foi nomeado Grão-Mestre da “Ordre du Temple”, dissolveu-a. Em 1892, Joséphin Péladan (1859-1918) recebe a “regência” da Ordem neo-Templária, que lhe foi dada por alguns membros sobreviventes. E aqui é feita uma conexão com a Loja KVMRIS anteriormente citada. Péladan havia fundado em 1891 sua própria ordem, “Ordre de la Rose-Croix Catholique et Esthetique du Temple et du Graal”. Vários martinistas belgas também foram membros da Ordre de la Rose-Croix et Catholique de Péladan, entre eles homens como Francis Vurgey, Nicolas Brossel e Clement de Saint-Marcq. Brossel e Vurgey foram os primeiros dirigentes da Loja KVMRIS. Os elementos gnósticos que influenciaram as obras de membros da Loja como Clement de Saint-Marcq faziam parte da doutrina da Igreja Joanita. Afirma-se que Clement de Saint-Marcq também foi membro da Igreja Gnóstica de Jules Doinel.

Não há muita informação sobre as atividades de Péladan como “Grande Maitre” da “Ordre du Temple” e parece que Péladan estava muito mais interessado nas atividades de sua própria Ordem Rosacruz do que no desenvolvimento da Ordem neo-Templária. O livro “Ordre des Chevaliers du Temple” relata um congresso templário internacional realizado em Bruxelas em 1894. Com exceção do ramo inglês dos Templários, todas as outras Ordens Templárias Europeias foram representadas na Convenção de Bruxelas. Foi decidido estabelecer um “Secretariado Internacional” sob a direção dos líderes da Loja “KVMRIS”, Brossel e Vurgey. Mais tarde, eles foram sucedidos por Selliers de Moranville, Georges le Clément de Saint-Marcq, Georges le Roy van Daems, Oscar Jamar, Arthur van Hecke, Carlos Mosias e Joseph Daems. A próxima data que é dada no livro é a data da fundação da “Ordre souverain et militaire du Temple de Jérusalem” (OSMTJ) ou “Ordem Suprema Militar do Templo de Jerusalém” ou ainda “Ordo Supremus Militaris Templi Hierosolymitani” em 1932.

Conforme relatado anteriormente, a sucessão da Igreja Gnóstica Joanita Templária por Bricaud foi recebida de B. Clément, que era membro da Igreja Gnóstica Universal de Bricaud. Ainda não há informações sobre a afiliação de Clément à Igreja Joanita neo-Templária. Mas vários membros (mais antigos) das ordens místicas e ocultas francesas (movimento Martinista, Memphis-Misraim, R+C de Péladan, etc.) estavam conectados às várias “igrejas subterrâneas” existentes na França na época. A linhagem dos Templários é confirmada por várias fontes, afirma Koenig, como, por exemplo, a filial francesa e belga do G.I.D.E.E da Papus que também apresentava uma sucessão da Ordre du Temple de Fabré-Palaprat. De acordo com o Bispo Bertil Persson[10]Segundo Milko Bogaard, o Bispo Persson mantém o maior e mais preciso registro mundial de Bispos independentes., do Instituto St. Efraim, a linhagem da Igreja Joannita em que Fabré-Palaprat foi ordenado pode ser rastreada até 1726[11]O que não significa necessariamente dizer que por até agora não ter sido encontrados documentos que demonstrem uma sucessão ainda mais antiga que o século XVIII até chegar aos Templários ela … Continue reading.

A sucessão joanita de Palaprat foi transmitida inclusive por outros segmentos tradicionais que a recebeu. Uma delas foi incorporada à Igreja Católica Gnóstica de Jean Bricaud. Outra foi incorporada à Igreja neo-albigense espanhola, que tinha ligações com o rito maçônico de Memphis-Misraim. Esta última sucessão vem de Michel Henri d’Adhemar (1801-1900), que foi consagrado por Chatel em 1836 (2 anos antes da morte de Palaprat), que consagrou Manuel Lopes de Brion (1830-1874) sob o nome episcopal de Orfeu V em 1857. Então, em 1860, de Brion (que também era um iniciador do Memphis-Misraim) consagrou Paul Pierre de Marraga (1823-1901) como Orfeu VI e iniciou de Marraga ao Memphis-Misraim.

Na próxima parte falaremos sobre Vintras antes de adentrarmos na história de Jules Doinel. Até lá!

Sâr Órion

Referências

Referências
1 Diz-se que Hughes de Payens foi investido com o poder apostólico patriarcal pelo Soberano Pontífice e Patriarca Theocleto, número sessenta e sete em sucessão direta desde São João Apóstolo, a quem havia sucedido. Esta sucessão joanita foi transmitida no seio da Ordem do Templo. Quando a Igreja Católica encerrou as atividades dos Templários, tal sucessão ainda continuou a ser passada no sigilo e no silêncio.
2 Manuscrito que detalha a transmissão da liderança dos Cavaleiros Templários após a morte de Jacques De Molay para Johannes Marcus Larmenius. Historicamente é tido como falsificação. Ainda que assim o seja, não haver um documento que comprove tal transmissão não necessariamente significa dizer que ela não exista.
3 Curiosamente tal informação é encontrada numa obra de Papus dedicada a Martinez de Pasqually e não especificamente ao Templarismo.
4 Center for Studies on New Religions.
5 Aqui encontramos uma possível conexão entre Rosacrucianismo e Templarismo.
6 Não época não se tinha a ideia de que os Evangelhos passaram por algumas edições até chegar naquilo que conhecemos hoje.
7 Patrick Brunout, em seu posfácio à “Explicação da Cruz Filosófica …” de Guillaume Chéreau, afirma que a Igreja de Palaprat também bebia das doutrinas maçônicas que consideram o Egito com origem e mantenedor das sociedades iniciáticas.
8 Algumas fontes afirmam que a fundação foi em 1830, ao invés de 1828.
9 Aqui encontramos uma provável controvérsia histórica ou uma pergunta ainda sem respostas. Se Chatel havia sido expulso, como ele liderou a Igreja após a morte de Palaprat?
10 Segundo Milko Bogaard, o Bispo Persson mantém o maior e mais preciso registro mundial de Bispos independentes.
11 O que não significa necessariamente dizer que por até agora não ter sido encontrados documentos que demonstrem uma sucessão ainda mais antiga que o século XVIII até chegar aos Templários ela não exista.

Comentários

7 respostas para “História dos Desenvolvimentos Gnósticos Modernos – Parte 1”

  1. Muito obrigado pelo texto excelente! Voltarei para ler novamente e ir pegando os detalhes!

  2. Muito esclarecedor! Ansioso pela continuação

  3. Igor Mahall

    Excelente material! A ideia do Templarismo e a Igreja Joanita terem uma relação próxima incentiva ainda mais o seu estudo.

  4. Bruno Arangio

    Fiat Lux!!!🔥Gratidão!

  5. Lazaro Omena

    Excelente texto, profuso em detalhes e acurácia histórica, trazendo à luz aspectos muitas vezes inéditos ao conhecimento do público, da Tradição ocidental.

  6. Robson verdi

    Maravilhoso e profundo, texto digno de um grande estudioso que é! Muito obrigado

  7. Kadu Fonseca

    Obrigado!

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